Dakar, Taichi Honda: “Na América do Sul chegámos a trabalhar nas motos até à meia noite”

By on 29 Janeiro, 2021

Como enfrentar o rally mais duro do mundo? A visão da vitória da Honda no Dakar contada pela equipa. Os comentários de Taichi Honda, Diretor de Operações da Equipa Offroad do HRC.

“Vencer é o resultado do equilíbrio de três elementos: moto, equipa e piloto. É necessário que estes três fatores estejam assegurados ao mesmo tempo para conseguirmos atingir os nossos objetivos”, explica Taichi Honda, Diretor de Operações da Equipa Offroad da Honda Racing Corporation.

Os comentários de Taichi Honda foram feitos durante o Rally Dakar deste ano, onde a equipa Monster Energy Honda venceu a categoria de motos pelo segundo ano consecutivo com uma CRF450 RALLY.

Desde o regresso da Honda ao rally Dakar em 2013, o jovem engenheiro japonês, na altura com 37 anos, foi encarregue de fazer regressar o fabricante japonês ao degrau mais alto do pódio na prova. A Honda já tinha assegurado o seu lugar nos pergaminhos do Dakar depois de conseguir quatro vitórias consecutivas, entre 1986 e 1989, com a série de motos NXR especialmente fabricadas para a ocasião.

“Para se destacar numa prova tão extrema e exigente como é o Rally Dakar, é preciso experiência e conhecimento técnico que não podem ser comprados. É preciso ganhar na pista.”, explicou Honda-san em Jeddah.

“A prova é só uma vez por ano, então só temos uma hipótese de fazer as coisas bem-feitas. Temporada após temporada, recolhemos dados de diferentes tipos de terreno e das situações de corrida mais imprevisíveis. Houve alguns anos em que os pilotos deram tudo o que tinham, mas por um motivo ou por outro, a moto não estava a 100% ou a equipa não rendeu tudo o que podia. Noutras edições, foi o contrário. Finalmente, no ano passado todo o conjunto, moto, equipa e piloto estiveram a 100% e por isso ganhamos. O objetivo para o Dakar de 2021 era repetir este feito, porque ganhar uma vez é ótimo, mas se vencermos duas vezes, aí é que realmente podemos dizer que temos um trio vencedor”.

A moto

Numa prova que dura duas semanas, com terrenos e condições tão exigentes, é fundamental encontrar o melhor equilíbrio entre performance e durabilidade da moto. “Todos os dados recolhidos nas provas da América do Sul desde 2013 foram a base para ajustar a moto e dar o passo para a vitória”, disse Honda-san. Com o terceiro capítulo do Dakar na Arábia Saudita, as equipas e os pilotos descobriram um novo terreno e uma filosofia de corrida ligeiramente diferente.

A Honda venceu com Ricky Brabec em 2020 e usou os dados recolhidos na altura para desenvolver a sua moto. “Trabalhamos aspetos como a durabilidade, tendo em mente os diferentes tipos de terrenos e caminhos, mas também o facto de a corrida se ter tornado mais exigente em termos de consumos de combustível e, por isso desenvolvemos ainda mais os mapas de alimentação de combustível, de forma a conseguirmos uma utilização ainda mais eficiente”, continua Honda-san. “As suspensões foram atualizadas e trabalhámos também na durabilidade do próprio motor.”

A manutenção é um fator fundamental para a equipa e também para os pilotos, que além de pilotos e navegadores habilidosos, têm de ser bons mecânicos, capazes de trabalhar nas motos durante as etapas. “Ao longo dos anos, a CRF450 RALLY foi simplificada de forma a facilitar a manutenção. Quando entramos na prova de 2013 não sabíamos o que nos seria exigido, e por isso a moto era mais do que o precisávamos”, admite Honda-san. “Temporada após temporada, com a experiência, a moto foi ficando cada vez mais fácil de manter. Lembro-me bem daquelas noites na América do Sul em que terminávamos de trabalhar nas motos à meia-noite! ”

Ter uma visão clara, uma estrutura eficiente, uma estratégia forte e partilhada entre todos os membros; estes foram os três pilares que elevaram a Honda, enquanto equipa, ao próximo nível: não apenas vencer uma vez com Ricky Brabec em 2020, mas repetir o sucesso com Kevin Benavides em 2021.

“Todos na equipa sabíamos o que fazer, pois tinham um programa claro e uma agenda planeada de antecedência”, conclui Taichi Honda.

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