Dakar: Gaston Rahier, o pequeno belga
Gaston Rahier é umas figuras da história do Dakar em motos. O pequeno belga de apenas 1,57m foi o primeiro não francês a vencer a mítica prova. No entanto, antes do sucesso no rali raid mais famoso do mundo, Rahier foi fiel às suas origens e iniciou a sua carreira no motocross.
Gaston Rahier nasceu em Chaineux, na província de Liége a 1 de fevereiro de 1947. Desde muito cedo que Rahier se destacou no off road, tendo sido sempre incentivado pelos seus pais. Com apenas 17 anos vence o campeonato belga de motocross de 50cc, na categoria Júnior. Em 1968, o pequeno belga conquistou o seu primeiro ponto no Mundial de Motocross, na categoria de 500cc.
No entanto foi na década de 70 que o piloto de Chaineux começou a construir o seu legado, então ao serviço da Suzuki. Em 1970, Gaston Rahier conquista o seu primeiro título nacional em séniores, vence o campeonato belga de motocross em 250cc. Quatro anos mais tarde participa, em Estocolmo, pela primeira vez no Motocross das Nações fazendo equipa com o mítico Roger de Coster, Harry Everts, pai de Stefan Everts, e Jaak Van Velthoven. No ano seguinte, torna-se no primeiro piloto a sagrar-se campeão do Mundo na categoria de 125cc, vencendo oito provas.
Em 1976 e 1977, o belga voltou a repetir a receita, obtendo oito e sete triunfos respetivamente. Os diversos triunfos que obteve nesta categoria ao longo das épocas, permitiu que Rahier se tornasse no piloto mais vitorioso de sempre em 125cc, tendo ganho 29 Grandes Prémios.
No ano seguinte, o piloto de Chaineux falhou o quarto título consecutivo, tendo sido superado pelo nipónico Akira Watanabe. Rahier não voltaria a ser campeão do Mundo em 125cc, apesar de possuir em conjunto com o seu compatriota, Harry Everts, o recorde de três títulos mundiais.
A baixa estatura do piloto belga levou a que se adaptasse melhor à categoria de 125cc, uma vez que tinha vantagem no peso e na agilidade sobre a moto. Pelo meio destes três títulos mundiais, Rahier venceu em 1976 na vizinha Holanda o Motocross das Nações, tendo feito equipa com de Coster, Everts e Van Velthoven. Ainda a nível de seleções, o piloto de Chaineux garantiu o triunfo por quatro vezes no extinto Troféu das Nações.
Já na década de 80, mais concretamente em 1982, Gaston Rahier colocou um ponto final na sua carreira no motocross depois de ter sofrido que quase levou à perda de uma mão. O pequeno belga não se deixou abater com este infortúnio e em menos de um ano já estava totalmente recuperado, tendo estado à partida do Paris-Dakar de 1983 com uma BMW R80GS. Logo na sua estreia na grande maratona africana, Rahier assumuiu o comando da prova, que só veio a ceder quando foi forçado a abandonar devido a problemas mecânicos na sua moto. Estava dado o mote para os anos seguintes.
Em 1984 e 1985, o piloto de Chaineux, aos comandos de uma BMW R100GS, venceu o Dakar tornando-se no primeiro piloto não francês a vencer a prova em motos. Graças a estes triunfos, o pequeno belga foi considerado em 1985 o Desportista Belga do Ano juntamente com o atleta Vincent Rousseau.
Até 1991, Rahier foi uma presença assídua no Dakar, no entanto, o melhor que conseguiu alcançar foi um terceiro lugar em 1987. Nos anos seguintes e já quase retirado da competição, o piloto belga acabou por estar envolvido na organização de alguns ralis raid como o Rali da Mongólia ou o Gaston Rahier Classic.
A última aparição de Rahier em competição foi no Rali da Tunísia, corria então de 2000. Aos comandos de uma Husqvarna, o piloto de Chaineux terminou num positivo quinto lugar, numa prova que foi ganha pelo malogrado Fabrizio Meoni.
Gaston Rahier viria a falecer no dia 5 de fevereiro de 2005, em Paris, vítima de doença prolongada. Para a história fica um dos pilotos belgas com maior sucesso no mundo das duas rodas, que em tempos foi como o “pequeno homem com uma grande reputação”.
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