Faça a manutenção da sua moto de enduro (1ª parte)
Apesar das motos de enduro ou todo-terreno serem concebidas para lidarem com as condições adversas da condução no fora de estrada uma manutenção regular e adequada continua a ser essencial para assegurar a sua longevidade e fiabilidade.
Aqui ficam algumas tarefas básicas de manutenção que devem ser realizadas numa moto de enduro ou todo-terreno:
1. Troca de óleo
A troca regular de óleo é uma das tarefas de manutenção mais importantes em qualquer moto, ainda mais numa moto de todo-terreno cujas características de condução levam a que a temperatura do óleo oscile mais que numa moto de estrada. Essencialmente o óleo lubrifica e protege o motor e a caixa de velocidades. Nas motas de todo-terreno é habitual usar-se uma medida de tempo (horas de funcionamento) e não de distância (quilómetros percorridos) para determinar os intervalos de mudança de óleo, e um bom ponto de partida é mudar o óleo após as primeiras 5 horas (no caso de uma moto nova) e a cada 20 horas seguintes após isso. Naturalmente devemos sempre consultar o manual de utilizador da moto para confirmar estes intervalos e verificar qual o procedimento, tipo e quantidade de óleo e ferramentas necessárias, e ter em conta que alguns modelos têm óleo do motor e óleo da caixa separados.
Naturalmente associada à troca de óleo do motor vem a troca do filtro de óleo. Mais uma vez devemos consultar o manual para verificar a referência correcta do filtro de óleo, o intervalo de substituição e se existe diferença na quantidade de óleo quando o filtro é substituído. Embora nem todas as marcas recomendem a substituição do filtro sempre que se troca o óleo nós gostamos de o fazer porque os benefícios de um filtro novo compensam largamente o custo reduzido do mesmo.
2. Filtro de ar
O filtro de ar evita a entrada de pó e impurezas para a conduta de admissão (carburador, corpo de injecção) e consequentemente do motor, o que poderia causar danos e reduzir o desempenho. Os filtros de ar da esmagadora maioria das motos de enduro ou todo-terreno são feitos de uma esponja específica que é embebida em óleo também específico para filtros de ar. O filtro deve ser verificado após cada “volta” de mota e limpo se necessário. Existem no mercado vários detergentes específicos, hoje em dia com a preocupação de serem bio-degradáveis. Basta seguir as instruções de utilização do detergente para saber quanto diluir num balde de água e lavar os filtros lá dentro. É importante não torcer os filtros porque isso deteriora as zonas de colagem e a própria espuma do filtro, limitem-se a espremê-los. Depois de uma primeira dose de “espremidelas” deixem-nos de molho uns 20 ou 30 minutos que podem aproveitar para ir realizando outras tarefas de manutenção. Após esse tempo, nova dose de “espremidelas”, enxaguar bem os filtros e deixá-los secar, de preferência ao ar. Se houver urgência podemos usar uma pistola de ar quente (ou um secador), ou até mesmo dar uma ajuda com o escape da mota, mas é preciso muito cuidado para, mais uma vez, não danificarmos as colagens e a espuma do filtro.
Depois de secos basta aplicar o óleo para o filtro de ar. Este vem essencialmente em duas apresentações: em spray ou em líquido. O óleo em spray é de utilização mais prática e basta “pintar” o filtro com ele. O objectivo é que o filtro fique húmido de óleo, de forma homogénea, mas sem escorrer. O óleo em líquido sai mais económico mas obriga a mais alguma estratégia: idealmente temos um contentor reservado para “olear” os filtros para que o óleo excedente de um possa ser usado para o seguinte. A técnica é simples: molhar o filtro no ou com o óleo de forma a obtermos o mesmo resultado, filtro húmido mas sem escorrer. Lembrem-se, se necessário espremam o filtro para retirar o óleo em excesso mas não o torçam.
Reparem que usámos o plural porque recomendamos que tenham vários filtros de ar para a vossa mota porque ao lavarem vários de cada vez economizam no detergente e, por outro lado, têm sempre um filtro pronto a montar após cada volta de mota.
3. Transmissão final
A corrente, o pinhão de ataque e a cremalheira são componentes fulcrais para a transmissão de potência do motor para a roda traseira e, como tal, devem ser verificados e ajustados regularmente para assegurar uma tensão e alinhamento adequados. A corrente deve ser lubrificada frequentemente. Uma boa prática é lubrificar a corrente após a lavagem da mota, dando algum tempo para a mesma secar, e assim evitamos a formação de ferrugem. Os intervalos de substituição destes componentes não podem ser determinados à priori uma vez que o desgaste do conjunto depende de vários factores: tipo de utilização, maior ou menor cuidado com a lubrificação, potência da moto, qualidade dos componentes, etc. A solução é observar regularmente os três componentes: a corrente deverá ser substituída quando começar a apresentar folga entre os elos e dentes da cremalheira. A forma de o fazer é puxar pela corrente na parte da cremalheira que aponta para a traseira da mota. Idealmente a corrente deveria estar perfeitamente ajustada aos dentes da cremalheira e mexer pouco ou nada. Se houver oscilação ou mesmo uma folga visível entre a corrente e a base dos dentes, está na altura de trocar.
Em relação à cremalheira e ao pinhão de ataque devemos observar os próprios dentes com atenção. A parte do dente que aponta no sentido da rotação do conjunto vai começar a apresentar desgaste, a ficar como que uma onda em rebentação. É tempo de substituir.
Por regra diz-se que se deve substituir todo o conjunto de uma vez, mas nem sempre esta regra se aplica. É importante lembrarmo-nos que actualmente existem cremalheiras de ferro, de aço, de alumínio ou de material bi-composto, que as correntes vêm em vários graus de resistência, das regulares às “heavy duty”, e que também os pinhões de ataque variam um pouco na sua composição. O conselho que deixamos é manter um conjunto de reserva, observação regular, e ir substituindo o que for necessário. Claro que uma corrente de aço meia usada em cima de uma cremalheira de alumínio nova vai causar um desgaste mais rápido logo de início, mas com o tempo e experiência ganhamos a sensibilidade necessária para este tema. Continua para a semana…
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