Câmaras de ar ou mousses, qual é a melhor solução?
Actualmente as duas soluções mais utilizadas para encher os pneus no todo-o-terreno são câmaras de ar ou mousses. Além destas temos também o menos conhecido, e utilizado, TUbliss. Vamos tentar fazer um apanhado dos prós e contras de cada tecnologia com a esperança de ajudarmos cada um a escolher a melhor solução para o seu caso.
CÂMARAS DE AR
Para as câmaras de ar podemos começar por enumerar aquela que pensamos ser a sua principal desvantagem – a fragilidade – para de seguida discutirmos as suas vantagens. Além do típico furo causado por um prego ou outro objecto pontiagudo podemos ter furos causados pela rotação do pneu na jante, puxando assim a válvula de ar e descolando a sua base, podemos “trilhar” a câmara de ar com um embate mais violento numa pedra ou aresta, furar a câmara enquanto a montamos, e de vez em quando descobrimos uma maneira nova de furar que nunca tínhamos visto!
Mas as vantagens são várias:
- é das três tecnologias apresentadas a mais económica, com valores a partir dos €10,00;
- de fácil instalação, e a generalidade das oficinas de pneus instala pneus com câmara de ar sem problemas ou encargos adicionais;
- permite ajustar a pressão do pneu, adaptando-o assim ao tipo de piso e condução;
- os furos são frequentemente remendáveis o que prolonga a vida útil e aumenta a economia;
- existem câmaras de ar “reforçadas” com 4mm (ou mais) extremamente resistentes aos furos;
- peso relativamente baixo (naturalmente mais peso nas câmaras de ar “reforçadas”) contribui para manter o peso não suspenso o mais reduzido possível contribuindo para um melhor funcionamento das suspensões;
- flexibilidade em relação às dimensões, sendo o diâmetro da jante a dimensão realmente importante;
- se necessário conseguimos instalar, e depois rodar com, uma câmara de ar de diâmetro superior ao da roda furada (isto permite, por exemplo, levar apenas a câmara de ar dianteira como sobresselente);
- boa tolerância à circulação em asfalto.
MOUSSES
As mousses, inventadas pela Michelin em 1984, apresentam a principal vantagem de serem absolutamente à prova de furos e, se forem devidamente mantidas, deverão ter uma vida útil bastante longa para o piloto de fim de semana.
A lista de desvantagens é um pouco mais longa e cabe a cada um ponderar se as vantagens compensam esta lista:
- preço médio a rondar os €100 por cada mousse, variando consoante as marcas (a título de exemplo uma Mousse Michelin 140/80-18 custa cerca de €130 e uma câmara de ar Michelin UHD 4mm 140/80-18 custa cerca de €30);
- instalação trabalhosa, com grande número de oficinas de pneus a recusarem fazer esse serviço, forçando um investimento extra (em “desmontas” e suporte para rodas) para se fazer em casa;
- não permite ajustar a pressão do pneu;
- peso elevado aumenta o peso não suspenso (uma mousse traseira de 18” pesa cerca de 2Kg ao passo que uma câmara de ar de 4mm para a mesma roda pesa cerca de 1Kg) prejudicando o funcionamento das suspensões;
- pouca flexibilidade nas dimensões: para além do diâmetro da jante é crucial escolher a mousse adequada à largura e perfil do pneu: no caso de ser a “medida acima” torna a montagem quase impossível, no caso de ser a “medida abaixo” fica a sobrar espaço no interior do pneu;
- pouca tolerância à circulação em asfalto que contribui para uma deterioração mais rápida.
TUBLISS
O TUbliss foi inventado pela companhia americana Nue Tech e, na prática, transforma um pneu de motocross/enduro num pneu tubeless. O TUbliss é composto por uma câmara de ar muito resistente com uma secção reduzida que fica alojada dentro de uma “capa” de borracha rígida e extremamente resistente. Esta câmara de ar e capa ficam pouco mais salientes que o rebordo do aro da roda e, insuflada a uma pressão de 100psi, o sistema TUbliss veda de encontro à parede interior do pneu criando uma situação semelhante a um pneu tubeless.
As vantagens do TUbliss são:
- Peso reduzido, inferior a uma câmara de ar reforçada;
- Possibilidade de reparar furos com “tacos” no caso de serem apenas furos perfurantes (e não rasgões do próprio pneu);
- No caso de um rasgão do pneu o sistema TUbliss segura o pneu no aro melhor que um “grip” tradicional e por se manterem esses 100psi no TUbliss, protege o aro facilitando o regresso a casa com o pneu vazio;
- Capacidade de rodar com pressões muito reduzidas, literalmente desde 0psi, aumentando a tracção.
Claro que não há bela sem senão e o TUbliss também tem a sua cota parte de pontos menos favoráveis. Ora vejamos:
- Montagem trabalhosa. Não sendo um processo complicado é um processo que nem sempre corre bem à primeira e que se pode tornar um pouco exasperante;
- Preço equivalente ao de uma mousse;
- Deixa de funcionar se o interior do pneu estiver danificado, bastanto um “vinco” mais pronunciado no interior do pneu para o sistema não conseguir vedar totalmente (o ideal é montar sempre com um pneu novo);
- Se o sistema falhar a meio de um passeio ou prova é necessário reinstalar “de raiz” e para isso precisamos de uma bomba capaz de dar mais de 100psi de pressão.
Em jeito de conclusão podemos dizer que, na nossa opinião, o melhor compromisso para o piloto de fim de semana são as câmaras de ar reforçadas (de boa qualidade) e para competição sem dúvida as mousses são a solução que nos dá mais garantias. O sistema TUbliss é um excelente exemplo de algo que primeiro se estranha e depois se entranha, e tem vindo a ganhar cada vez mais fãs.
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