World Enduro Super Series vs EnduroGP
Ontem, ao início da tarde, fomos confrontados com a notícia da criação de um novo campeonato. Falamos da World Enduro Super Series que posiciona-se, segundo os organizadores, como um “campeonato global de enduro”.
Com especial incidência sobre o hard enduro, que está em maior número no calendário de oito rondas, esta nova competição abrange ainda outras vertentes como o enduro mais tradicional, cross country e ainda corridas na praia.
Promove a variedade e tem como objetivo, segundo novamente os organizadores, definir um campeão que será denominado de “Ultimate Enduro Rider”. Falamos de alguém completo e que seja capaz de ser competitivo em vários tabuleiros.
Rapidamente percebemos que o estreante campeonato tem como objetivo incomodar o EnduroGP, competição que já viveu melhores dias. Um conceito diferente daquele que vemos no Mundial de Enduro com as habituais ‘tests’ (especiais), que também promovem a variedade, mas não de forma tão extrema.
Talvez pressentindo a ameaça de algo novo, por algum motivo, no último ano, os organizadores do EnduroGP trouxeram para o calendário outros formatos de corrida. Desde logo uma prova de cross country na neve da Finlândia (Lake Päijänne) ao qual se junta o espectacular evento nas rápidas pistas de Hawkstone Park e uma novidade em 2018. Um jornada de carácter extreme enduro que terá lugar, em Pietramurata (Itália), junto à ‘catedral’ que acolhe anualmente o Mundial de Motocross.
Olhando para o quadro, o grande golpe parece ser dado com a saída da KTM, em termos oficiais, do Mundial de Enduro para se juntar à World Enduro Super Series em conjunto com a ‘prima’ Husqvarna. Este batismo do grande construtor mundial de off road é crucial para que este ‘bebé’ possa vir a crescer. Nesta equação inclui-se o facto das provas da World Enduro Super Series serem abertas aos pilotos amadores, que bem podemos dizer que é para a KTM o ‘Santo Graal’, que assim como diz o povo, mata dois coelhos de uma só cajadada. Competição profissional e amadora num só campeonato. Situação paralela só no Dakar, onde a marca laranja é, de há muitos anos a esta parte, rainha e senhora.
Basta olhar para as palavras do responsável pelo programa desportivo da KTM, Pit Beirer, para perceber um pouco os objetivos que levam a marca de Mattighofen a entrar nesta luta a que alguns poderão pensar que é uma birra contra o Mundial de Enduro.
Com a KTM chega também a poderosa Red Bull, que também é a marca patrocinadora de alguns eventos do calendário, nomeadamente as provas de hard enduro. Está aqui montado um ‘cocktail’ que pode vir a ser explosivo e um caso muito interessante de sucesso se as coisas correrem bem. Para além da KTM e Husqvarna certamente que também teremos com representação neste campeonato, em termos oficiais, as marca mais ‘artesanais’ como a Beta ou a Sherco, que também estão no Mundial de Enduro. Quanto à Yamaha, Honda e Gas Gas a história parece ser outra, nomeadamente esta última, que está a apostar forte no Mundial de Enduro.
Precisamente o EnduroGP, uma competição que é preciso nunca esquecer que tem o seu peso no panorama mundial do motociclismo, tenta reinventar-se e regressará em 2018 aos moldes tradicionais com novamente três categorias em competição e uma classificação geral conjunta. Isto depois do fracasso que foi a passagem para duas categorias em 2017, decisão que tirou muitos pilotos ao Mundial e gerou muito descontentamento. Lá está ou não tivessem a KTM e a Husqvarna arrumado as malas.
Veremos o que o futuro irá trazer consigo, mas de momento certezas temos só uma. Portugal é para já, enquanto não é conhecido o calendário definitivo da World Enduro Super Series, o único país que está presente nas duas competições.
O Grande Prémio de Portugal, inserido no EnduroGP e que terá novamente lugar em Castelo Branco, e a Porto Extreme XL Lagares nesta nova iniciativa. O evento nortenho terá sempre o seu nome ligado à World Enduro Super Series, pois será a primeira prova da história deste conceito inovador.
Que bem se trabalha no nosso país!
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