Jeffrey Herlings, MXGP: “Se 100% é o máximo, então eu dou 110%!”
Para um atleta atingir o mais alto nível do desporto é necessário um grande espírito de sacrifício e, claro, muito treino. Jeffrey Herlings é completamente focado no seu trabalho e nas vitórias, e é precisamente por isso que é um dos melhores do mundo.
A obsessão pelo treino que levou o piloto de apenas 25 anos ao topo do motocross valeu-lhe já quatro títulos mundiais. O estilo de pilotagem ofensiva e inabalável do holandês e os tempos por volta inigualáveis já lhe garantiram o sucesso, mas a sua condução agressiva também já lhe deu alguns dissabores, nomeadamente, no ano passado. No entanto, em 2018, Herlings conseguiu esmagar a competição, altura em que ganhou 17 das 19 provas que disputou.
“Fiz de tudo”, recorda o piloto. “Se 100% for o máximo, então fiz 110%”. Tive em conta cada pedaço de comida que comi, calculei o sono e o jet lag, treinei e deixei a minha vida social de lado durante quase um ano. Foi duro. É difícil fazer isso mesmo que apenas durante alguns anos, física e mentalmente. Mas tudo valeu a pena para chegar a este nível. Foi quase um ano perfeito…”, recordou Jeffrey Herlings.
Esta incrível prestação valeu-lhe o título nesse ano, mas a sua condução agressiva acabou por resultar numa lesão que o afastou das pistas durante uma boa parte da temporada seguinte. O piloto da Red Bull KTM afirma que esse foi “o pior ano da sua vida” e que, por isso mesmo, optou por uma abordagem mais moderada para a temporada de 2020.
Para atingir o nível em que se encontra, o atual líder do Campeonato do Mundo de 2020 empenhou-se ao máximo, estabelecendo uma intensidade de treino considerável e essencial para o sucesso no mundo do motocross.
“Na segunda-feira depois de um Grande Prémio ando sempre de bicicleta Dependendo de onde vim e a que horas chego a casa, isso vai determinar quando irei sair para treinar. Ando de bicicleta mesmo depois de uma corrida difícil como a do Lommel. É um passeio de recuperação, tipo uma hora e meia, só para mexer as pernas e me preparar para terça-feira. Eu adoro andar de bicicleta. A Holanda é muito boa para isso. Não temos muitas subidas e descidas de montanha, mas há muitas zonas boas para o fazer. É bom para treinar e manter o ritmo cardíaco”, explicou Herlings.
Às terças-feiras o piloto holandês também anda de bicicleta, mas a um ritmo um pouco diferente. “Normalmente alguns sprints e pelo menos uma sessão de treino também: pode ser mais ciclismo ou algum remo. Tento andar na minha KTM de manhã, especialmente no verão, e faço os treinos à tarde. Tenho cinco a seis pistas onde costumo ir porque posso andar lá sempre que quiser. Alguns lugares abrem só ao fim da tarde no verão e eu não gosto de esperar tanto tempo. Prefiro chegar e andar das 9 às 12, ir para casa e almoçar e fazer mais alguns passeios de bicicleta, bicicleta de montanha, remo ou natação depois”, avançou o piloto, destacando ainda que à quarta-feira segue praticamente o mesmo plano de treino, trocando apenas a bicicleta pela moto, fazendo sessões de corrida em pista.
“Na quinta-feira estou, normalmente, no ginásio, e depois ando de bicicleta. Eu uso muito a bicicleta porque não posso correr! O meu pé já não tem essa flexibilidade e quando começo a correr, compenso com as ancas e com as costas o que leva a outras dores”, revelou Jeffrey Herlings.
“Sexta-feira é quase um dia livre, mas quando é possível faço mais remo, ciclismo ou cross-training pela manhã antes de viajar para uma corrida. Às vezes faço algo entre as 9 e as 10 da manhã, por exemplo e fico-me por aí.
Quanto ao tempo de descanso, Herlings afirma: “não tenho um dia definido para isso. Gosto de estar com amigos, mas também gosto de estar em casa quando posso. Na pré-época deste ano passei muito tempo em Espanha, por isso não os vi muito, nem à minha família. Com a idade, começamos a mudar e começamos a desfrutar de coisas diferentes na vida”.
No entanto, o piloto da Red Bull KTM sublinha que o momento que se vive atualmente, é particularmente difícil para si, principalmente, depois de ter arrancado tão bem no campeonato.
“Neste momento…é frustrante! Obviamente, começámos 2020 em boa forma, com vitórias em Inglaterra e na Holanda, mas agora está tudo parado. De momento não é possível viajar e, por isso mesmo, o calendário está a ser reorganizado. Estávamos no Sul de França a preparar-nos para a Argentina e quando regressámos a casa tudo “explodiu” e as fronteiras começaram a ser encerradas. Parece que a nossa época acabou de ser prolongada por dois meses e, sinceramente, não se quereria acabar agora num hospital com a clavícula partida. Vamos correr até Novembro, o que significa um ano inteiro de treino”, sublinhou Herlings que, tal como os restantes pilotos, enfrenta uma temporada totalmente diferente de todas as anteriores.
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Foto: KTM/Ray Archer
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