MXGP: Shaun Simpson – “Vai ser um trabalho muito árduo”
Shaun Simpson abalou a indústria há uns dias atrás, depois de ter sido confirmado que iria começar a sua própria equipa de Grandes Prémios durante o Inverno, em preparação para o Campeonato do Mundo de Motocross 2020. É uma jogada ousada de Simpson, jogada essa que poucos têm coragem de fazer.
Numa entrevista dada à MXVice, Shaun Simpson explicou, entre outras coisas, como surgiu a ideia de criar uma equipa e quais as suas intenções. Relativamente a esta questão, Simpson explicou que os seus resultados ao longo dos últimos dois anos não lhe garantiram que estivesse em posição de estar no grupo de pilotos que podem esperar entrar numa equipa de fábrica.
“Acho mesmo que preciso de pessoas à minha volta que confiem em mim, que me compreendam e que façam à moto o que penso que temos de fazer. Se eu quiser colocar a roda da frente na parte de trás, podemos fazer isso. As pessoas em qualquer outro lugar no paddock podem achar que é estranho mas não me importo. Eu quero, simplesmente, poder fazer o que eu quiser com a minha moto. Montar algo que sei que não é 100% bom para mim é muito frustrante quando estou em pista. As principais razões são essas. Os meus resultados não têm sido suficientemente bons para justificar que e encontre uma equipa decente. Há muitos pilotos sem equipas neste momento”, explicou o piloto.
Esta foi uma ideia que, segundo Simpson, surgiu no ano passado. “Eu falei com a KTM e falei com outras pessoas, e acabei por escolher a RFX KTM. Agora tenho 31 anos e vou fazer 32 anos no próximo ano. Se não tentar fazer isto e realmente o fizer por mim, dando a mim próprio a oportunidade de ter todas as peças da moto que quero e ter a moto como quero… Vai ser um trabalho muito árduo. Vou ter de pedir muitos favores às pessoas, mas iria arrepender-me se não tentasse agora.”
No entanto, apesar de reconhecer o desafio a que se propôs, o piloto admite que não tinha muitas outras hipóteses. “Que outras opções tinha eu? Ficar parado e esperar que algo me caísse nas mãos? Estou nisto há tempo suficiente para saber que isso não acontece. Que tal olhar para outra coisa? Parar de fazer GPs? Eu não quero fazer isso. Fazer coisas de enduro, ou outro tipo de corridas? Não estou preparado para isso. Tenho 32 anos. Quando tiver 35 anos posso fazer algumas dessas coisas e poderia até ser divertido. Resumindo, é por tudo isto que tomei esta decisão.”
Quanto à esolha da KTM, o Simpson não teve problemas em mostrar que está satisfeito com a sua opção. “A KTM tem estado comigo durante todos os meus melhores anos de carreira. Parece que eles gostam muito do que faço e reconheceram o meu valor no Reino Unido e no Campeonato Britânico. Ganhei três títulos britânicos, todos em KTMs. Sinto que eles me apoiaram nos melhores e piores momentos da minha carreira. Na maioria das vezes, quando me acolheram de volta, estava num momento difícil. Quando consegui melhores contratos ou melhor dinheiro, então eles desejaram-me sempre o melhor.”
A vontade de avançar o mais rapidamente possível com este ambicioso projeto não impede que ainda hajam alguns receios bastante presentes. “Fazer logística, poder pagar todos os custos logísticos de envio, voos… definitivamente quero estar a fazer a temporada completa do Grande Prémio, por isso poder pagar tudo vai ser o maior obstáculo. Obter dinheiro de patrocinadores externos parece ser também um dos maiores obstáculos. Com toda a honestidade, ainda estou numa fase muito inicial no que diz respeito a essas questões. O transporte vai ser uma das coisas principais. A minha equipa: Quão grande ou quão pequena precisa ser? Mecânicos, ajudantes e condutores. Tudo isso vai depender do orçamento. Durante as próximas seis semanas, quero tentar garantir algum bom financiamento e partir daí.”
Com muito trabalho ainda pela frente, Shaun Simpson está pronto a pôr mãos à obra e preparar tudo para arrancar com o projeto já em 2020.
(Foto: Ray Archer)
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