Faça a manutenção da sua moto de enduro (2ª parte)
Concluímos esta semana o tema da manutenção essencial de uma moto de enduro, dando conta de mais cinco pontos: os travões, os pneus, as suspensões, a bateria e finalmente a limpeza e lavagem.
4. Travões
Em relação aos travões temos três pontos a verificar regularmente, as pastilhas de travão, o fluído dentro dos circuitos de travagem e os próprios discos de travão.
O que importa verificar das pastilhas de travão é a espessura do material de fricção que entra em contacto com o disco. Isto faz-se facilmente “a olho” sem necessidade de desmontar as rodas mas, nas ocasiões em que desmontarem as rodas para uma outra operação, aproveitem para verificar além da espessura o estado do material de fricção da pastilha: o desgaste deverá ser equivalente em ambas as pastilhas (alguma diferença é natural mas deverá ser pequena), a superfície não deve estar vidrada nem deve ter bocados a menos, o que reduziria a área de contacto e a eficácia da travagem.
Quanto ao fluído de travões devemos observar dois aspectos: o nível do fluído e a sua coloração. Ambos são facilmente visíveis na “janelinha” dos respectivos depósitos junto à manete direita ou pedal de travão ou no depósito remoto, habitualmente transparente, no caso das motos equipadas com este tipo de circuito no travão traseiro. É natural que o nível do fluído vá descendo conforme as pastilhas de travão se gastam e os êmbolos das pinças vão ficando mais para fora. Se o nível chegar ao limite mínimo deve-se abrir o depósito e repor o necessário (respeitando as indicações do manual de proprietário), tendo sempre em mente que quando se substituírem as pastilhas poderá ser necessário purgar algum fluído que ficará em excesso.
O fluído de travões é, regra geral, praticamente transparente e incolor. Ao longo do tempo, com o aumento de temperatura durante as travagens, vai fervendo e queimando e começa a escurecer. Quando a diferença de cor é visível através da janela ou do material do depósito remoto está na altura de proceder à sua substituição.
Relativamente aos discos deve-se verificar no manual qual é a espessura mínima recomendada e substituir os discos quando se começarem a aproximar desse valor. Atenção que esta espessura não vai ser evidente na aresta exterior do disco mas sim na “pista” onde as pastilhas fazem contacto com o disco. Com o uso o disco vai-se também desgastando e vai aparecendo um sulco nessa zona de contacto com as pastilhas. Além disto devemos também analisar os discos para garantirmos que não têm empenas ou mossas causadas por alguma pancada numa pedra. Um disco empenado transmite, habitualmente, uma sensação de “bombear” na manete mas, por vezes, o empeno é muito ligeiro e não conseguimos sentir este “bombear” ou é o disco traseiro e não o sentimos no pedal, pelo que um controlo visual é sempre aconselhável.
5. Pneus
Em relação aos pneus temos dois pontos base a verificar: a altura do piso, substituir quando for inferior ao desejado para o tipo de terreno em que conduzimos; e a pressão dos pneus, que recomendamos ser verificada e ajustada antes de cada saída para que seja a pressão mais adequada ao tipo de terreno que vamos encontrar.
No caso de se usarem mousses naturalmente não podemos verificar a pressão dos pneus mas consegue-se ter uma ideia do estado da mousse conforme os pneus nos vão parecendo “mais vazios” e se torcem mais sob o peso e exigências da moto.
E já que estamos a olhar para as rodas podemos, e devemos, verificar rapidamente o estado dos rolamentos das rodas. Para isso basta agarrar na roda com uma mão de cada lado, diametralmente opostas, e tentar “torcer” a roda de um lado para o outro. Se se sentir alguma folga os rolamentos devem ser substituídos. Atenção às tentações de “a folga ainda é muito pequena” porque a deterioração dos rolamentos e o aumento desta folga é exponencial e não linear. Demora muito tempo a aparecer uma folga pequenina mas depois rapidamente se torna uma grande folga e quando damos por isso “partimos” um rolamento e eventualmente um cubo da roda com os riscos e custos associados.
6. Suspensões
As suspensões são dois dos elementos de funcionamento mais complexo, mais importantes e mais incompreendidos numa moto. E, por conseguinte, regra geral a sua manutenção é descurada! Não recomendamos que as intervenções nas suspensões sejam feitas “em casa” pois exigem ferramentas específicas e caras e estas operações são complexas, mas a vigilância do estado das suspensões é indispensável e deve ser feita antes e depois de cada saída.
Com a moto no chão segurem a manete do travão e bombeiem a forquilha para cima e para baixo, o deslizar deve ser suave e “liso”, sem se sentir qualquer impedimento ou “arranhar”. Para a suspensão traseira carreguem na ponta do banco e comprimam a suspensão para verificar a mesma coisa. Em ambos os casos o retorno deve ser controlado e não explosivo, isso é indicação que o amortecimento não está a funcionar e só temos mola.
Com a moto no cavalete segurem ambos os pés da forquilha e puxem para trás e para a frente e de um lado para o outro. Com isto conseguimos identificar alguma folga na coluna da direcção que comprometeria todo o funcionamento da frente da mota.
Atrás fazemos uma operação semelhante procurando folgas nos vários rolamentos não só da suspensão como do braço oscilante. Mais uma vez se houver alguma folga devemos substituir o quanto antes.
Além disto devemos também fazer a verificação visual das bainhas da forquilha e do veio do amortecedor traseiro, procurando sinais de alguma fuga de óleo da suspensão. A presença de óleo indica que alguém retentor precisa de ser substituído. Estas fugas de óleo não são muito evidentes após lavarmos a moto mas enquanto ela tem algum pó ou sujidade é mais fácil dar com elas pois o óleo agarra o pó e denuncia-se. Habituem-se por isso a dar esta vista de olhos logo após o passeio e antes de lavar a moto.
7. Bateria
Actualmente quase todas as motos de enduro têm motor de arranque e bateria, pelo que esta deve ser verificada e carregada regularmente para garantir que está em bom estado. Também é recomendado desligar a bateria quando a moto não for utilizada durante um período de tempo prolongado.
8. Limpeza e lavagem
A limpeza e lavagem regular é muito importante na manutenção de uma moto de enduro. A moto deve ser lavada e limpa após cada passeio para remover sujidade, lama, pó e detritos que podem causar danos e prejudicar o desempenho da moto. Depois de lavar é recomendável secar a moto ao máximo, especialmente no Inverno. Um compressor de ar ajuda porque nos permite “soprar” a moto, quem não tiver um pode dar uma volta com a mota a trabalhar, subindo e descendo a rua, para ajudar a secar.
Depois da moto limpa deve ser lubrificada antes de ser arrecadada até à próxima volta: usem um spray específico para a corrente, que deve ser lubrificada a toda a volta mas sem necessidade de ficar a escorrer, e depois apliquem um spray lubrificante multiusos (tipo WD-40) nas articulações das manetes, dos pedais, dos estribos, do descanso, etc.
É importante notar que os requisitos de manutenção podem variar conforme a marca, modelo e tipo de utilização da moto. Recomenda-se sempre verificar o manual do proprietário para obter indicações específicas e seguir o calendário de manutenção recomendado pelo fabricante. Além disso, recomenda-se também levar a moto a um mecânico profissional para inspecções regulares e para quaisquer reparações ou tarefas de manutenção que possam requerer as tais ferramentas ou conhecimentos especializados.
Seguindo um calendário de manutenção regular e executando as tarefas necessárias, uma moto enduro pode ser mantida em excelentes condições e proporcionar um desempenho fiável durante muitos e bons anos!
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