As consequências dos problemas de Paulo Gonçalves
Paulo Gonçalves está parado na nona etapa do Dakar devido a problemas de radiador na sua Honda CRF 450 Rally. Com este infortúnio o piloto da Honda diz adeus a um possível triunfo na maior prova de todo-o-terreno do mundo. Segundo à partida para a nona tirada, Gonçalves tinha como objetivo para o dia de hoje recuperar o tempo perdido na etapa de ontem para o líder da prova, Toby Price.
Mas a verdade é que na última passagem da qual existe registo, o piloto luso vinha a ceder 3m01s para Toby Price, o que poderia deixar antever que a vantagem no final do dia poderia ser maior. No entanto essa é uma questão que nunca saberemos, pois o piloto de Esposende foi ‘traído’ pela sua máquina à semelhança do que já tinha acontecido uns dias antes com o seu companheiro de equipa, Joan Barreda Bort.
Não existem dúvidas sobre a rapidez da Honda CRF 450 Rally, no entanto, a sua fiabilidade tem ficado aquém e já deixou por mais do que uma vez na mão os seus pilotos. Já este ano Paulo Gonçalves teve problemas elétricos na ligação da primeira etapa e se recordarmos na edição transata foi Joan Barreda a ter problemas de motor na etapa do Salar de Uyuni, numa fase crucial da corrida e em que era o líder. Esta situação abriu caminho para que Marc Coma garantisse o quinto triunfo no mítico rali raid.
Se é verdade que Paulo Gonçalves tem a corrida comprometida, não é menos verdade que este infortúnio não apaga o excelente Dakar que o piloto luso realizou. Líder da prova durante quatro dias e vencedor de uma tirada, Gonçalves esteve igual a si próprio tendo demonstrado toda a sua rapidez e garra. Basta lembrar a aparatosa queda sofrida no dia de ontem e o modo como o piloto da Honda rapidamente se colocou em cima da moto para ainda conseguir terminar a etapa no segundo lugar.
Para além de estar a um grande nível em termos desportivos, o piloto de Esposende demonstrou todo o seu humanismo e desportivismo quando durante a sétima etapa interrompeu a sua corrida para permanecer junto de Matthias Walkner enquanto a assistência não chegava ao local onde o austríaco sofreu uma queda.
Quanto à corrida este problema de Paulo Gonçalves abre o caminho para a 15ª vitória da rival KTM. Toby Price está a dominar por completo o dia de hoje, demonstrando que é o mais sério candidato ao triunfo. Com o atraso do piloto luso e os abandonos de Joan Barreda, Ruben Faria e do seu companheiro de equipa, Matthias Walkner, Price pode estar a cinco dias de se tornar no primeiro ‘aussie’ a vencer o Dakar.
Num ano em que a KTM viu Marc Coma pendurar o capacete muitos pensaram que poderia ser este o ano do fim da hegemonia da marca austríaca, mas a verdade é que nesta prova bem se pode adaptar uma conhecida frase do universo futebolístico. ‘O Dakar são quinze dias de competição e no final ganha a KTM’.
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