Dakar 1990: O ano em que todos se enganaram… menos Orioli!
A edição do Paris-Dakar de 1990 foi um verdadeiro triunfo para a Cagiva, mas numa etapa de 800 km, que partiu de N’Guigmi em direção a Agadez, a organização tinha colocado as bandeiras de sinalização no caminho errado. Daí resultou que os primeiros 30 pilotos a partir seguiram para a direita, enquanto Edi Orioli, que estudara os mapas militares, sabia que deviam ter ido para a esquerda.
Ainda assim ‘O Africano’ seguiu-os, e só depois de 20 km todos pararam, certos de que algo não estava certo. Regressaram atrás, fizeram 10 km fora de pista e percebendo que ainda não estavam na direção certa. Mas, enquanto isso, Orioli já tinha percebido para onde deveria ir.
Para não ser seguido pelos outros, Edi Orioli simulou uma avaria e aproveitou para verificar também quanta gasolina tinha no depósito.
O primeiro reabastecimento teria sido a 420 km do ponto de partida; eles já haviam feito pelo menos 25 km e o alcance era de no máximo 460 km. Os demais voltaram à largada e partiram dali, enquanto Edi continuou daquele ponto até chegar à pista certa. Incrédulo, reparou que já estavam marcados os rastos de outras motos: todos os pilotos privados já haviam passado. Orioli prossegui até ao ponto de reabastecimento, mas dai até ao final da etapa ainda faltava fazer 400 km.
Nesse dia Orioli percorreu 850 km no deserto do Ténéré. Chegou às cinco e meia da tarde, com o sol nos olhos.
Para recebê-lo encontrou Azzalin que, abraçando-o, disse-lhe que havia feito uma etapa heróica, comparando a sua façanha com a de Fausto Coppi. A equipa sabia de tudo. Edi não perdeu nenhum ponto do road book, enquanto para os outros foi um massacre: Peterhansel perdeu-se nas dunas, Neveu, perseguindo Orioli, acabou por partir a caixa de velocidades, atingindo a linha de chegada 45 minutos depois de Orioli, Franco Picco e Ciro ficaram na retaguarda, em pânico porque não viram mais Edi, que assim ganhou uma hora e meia sobre os outros.
Nesse ano a equipa Cagiva Lucky Explorer levou para casa a primeira vitória de um dos seus pilotos oficiais e a empresa de Schiranna produziu a Elefant 900 IE numa edição limitada de 999 unidades, com um porta-chaves prateado assinado por Edi Orioli.
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