Dakar, Alexandre Bispo: A odisseia de um luso-descendente

By on 4 Janeiro, 2021

Concorrendo com o dorsal 118, Alexandre Bispo está inscrito no Dakar com nacionalidade espanhola, mas é efectivamente francês, filho de pai português e mãe espanhola – portanto, um luso-descendente.

Depois de muitos problemas na primeira especial, a espanhola Sara Jugla e Alexandre Bispo foram os últimos a chegar ao final em Bisha, já durante a noite. O piloto francês completou a etapa a 20h52’39 ”após o vencedor do dia Toby Price, mas 3 minutos à frente de Sara, portanto no penúltimo lugar. Hoje, os dois pilotos privados e após uma noite mal dormida enfrentaram as dunas e a areia da etapa de hoje, a paixão pelo Dakar deu-lhe força e fizeram a etapa juntos e terminaram-na, longe dos holofotes, mas felizes.   

“UMA LUTA MINHA”

Este luso-descendente que vive nos arredores de Paris é um apaixonado por motos, corre por puro prazer no Dakar e o seu principal objetivo é desfrutar ao máximo, atingir a linha de chegada, independentemente do resultado. Esse será uma consequência, não um objetivo!

Alexandre Bispo corre na categoria Original by Motul com uma KTM Rally, pela sua equipa que é a Expresso Racing e esta é a sua segunda participação, sendo que no ano passado desistiu.

“Terminar o Dakar é um sonho de infância, uma luta minha. No ano passado tive muitos altos e baixos, caí muito. Somos muito pequenos frente ao Dakar. Mas eu queria ficar até ao fim para ajudar os meus amigos. Este ano, saio com o mesmo número (118) na mesma categoria (Original da Motul) e com a mesma vontade de me superar. Sei que nunca vou ser um piloto profissional, mas espero poder progredir um pouco no Dakar.”

UM PROJETO DE CARIZ SOCIAL

Além, disso a participação de Alexandre no Dakar está associada a um projecto de cariz social bastante interessante. Dar tudo, superar-se, resistir às adversidades … Estes valores, tão caros a todos aqueles que fazem as pistas do Dakar, Alexandre Bispo tem-nos no coração. Isto porque durante a adolescência, passou mais de dois anos internado para tratar de uma leucemia. Uma vez curado, foi numa moto que se sentiu de volta à vida.

Alexandre descobriu os veículos de duas rodas na infância, e as suas irmãs mais velhas também eram apaixonadas por motos. Assim, em paralelo com os seus estudos de negócios, Alexandre tornou-se um defensor ferrenho do Enduro do Touquet. Vendedor de têxteis e depois barman, o Dakar persistiu na memória. Até dar o salto no ano passado. Apesar de ter desistido na 4ª etapa, o piloto luso-descendente ficou todos os dias no acampamento para ajudar os amigos da categoria Original by Motul. Ao mesmo tempo, ele fomentou uma discussão no WhatsApp com crianças com leucemia hospitalizadas no Hospital Saint-Louis, em Paris.

Alexandre fez questão de contar tudo o que viveu no Dakar e num quotidiano tão distante para fazer esses jovens continuarem a lutar pela vida, como ele próprio fez. Poucos dias após o seu regresso a França em Janeiro do ano passado, o piloto já estava ansioso por regressar para completar a “sua” aventura. O Dakar é isto: um chamamento a que muitos não resistem!

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