Dakar: Hubert Auriol, o último adeus do ‘Africano’

By on 10 Janeiro, 2021

Hubert Auriol, tricampeão do Rali Dakar e uma das grandes lendas da corrida, faleceu hoje aos 68 anos vítima de um acidente cardiovascular.

Lenda do Dakar, Hubert Auriol foi apelidado de “O Africano” devido à sua origem etíope. Auriol  foi o primeiro piloto a conseguir o feito de vencer o Dakar nas categorias de motos (1981 e 1983) e de automóveis (1992), algo que apenas Stéphane Peterhansel e Nani Roma foram capazes de alcançar nas 42 edições disputadas até agora.

Auriol nasceu em Adis Abeba em 1952 e aos 21 anos, como muitos outros jovens da sua idade não resistiu à sua paixão pelas motos que praticou nas especialidades de motocross e enduro, mas anos mais tarde, o seu coração foi ‘sequestrado’ pelas corridas míticas nos desertos africanos, tornando-se um verdadeiro especialista de rally-raids.

Hubert Auriol junto com outras lendas do Dakar, o Mister Dakar Stephane Peterhansel e Nani Roma

Hubert Auriol fez o seu primeiro Dakar em 1979,a segunda edição do evento, vencendo-o por duas vezes com uma BMW R80 GS em 1981 e 1983. Em 1992 passou para as quatro rodas, garantido o seu terceiro título no Dakar nos automóveis aos comandos de um Mitsubishi Pajero.

A caminho do seu primeiro título no Paris-Alger-Dakar de 1981

O pior drama da sua carreira deu-se na penúltima etapa da edição de 1987 do Dakar, quando Auriol com uma Cagiva e a comandar a classificação geral saiu sem saber da pista principal, tomando um atalho. Essa decisão resultaria numa lesão dolorosa: Hubert não reparou numa raízes de uma árvore batendo-lhes na íntegra com os pés, ficando com ambos os tornozelos “destruídos”.

Nos seus tempos áureos com a Cagiva em 1986

Encontrado por um concorrente dos automóveis, heroicamente Hubert Auriol fez os últimos 20 km em cima da sua moto e com os tornozelos partidos, sem ser sequer capaz de trocar uma marcha na sua moto.  

Com mais de trinta anos de experiência em incursões africanas, desde 2008 passou a organizar a África Race depois de ser diretor do Dakar de 1995 a 2004. A prova, além de refazer os velhos costumes do Dakar, tem propósitos humanitários, envolvendo governos, indústrias e populações das regiões atravessadas. Hubert transformou-se num grande um organizador, seguindo o exemplo de Sabine e não cedendo à mídia ou à bajulação comercial. Carregou sempre consigo o verdadeiro espírito do Dakar, falecendo hoje aos 68 anos de idade.

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