Dakar: Hubert Auriol, o último adeus do ‘Africano’
Hubert Auriol, tricampeão do Rali Dakar e uma das grandes lendas da corrida, faleceu hoje aos 68 anos vítima de um acidente cardiovascular.
Lenda do Dakar, Hubert Auriol foi apelidado de “O Africano” devido à sua origem etíope. Auriol foi o primeiro piloto a conseguir o feito de vencer o Dakar nas categorias de motos (1981 e 1983) e de automóveis (1992), algo que apenas Stéphane Peterhansel e Nani Roma foram capazes de alcançar nas 42 edições disputadas até agora.
Auriol nasceu em Adis Abeba em 1952 e aos 21 anos, como muitos outros jovens da sua idade não resistiu à sua paixão pelas motos que praticou nas especialidades de motocross e enduro, mas anos mais tarde, o seu coração foi ‘sequestrado’ pelas corridas míticas nos desertos africanos, tornando-se um verdadeiro especialista de rally-raids.
Hubert Auriol fez o seu primeiro Dakar em 1979,a segunda edição do evento, vencendo-o por duas vezes com uma BMW R80 GS em 1981 e 1983. Em 1992 passou para as quatro rodas, garantido o seu terceiro título no Dakar nos automóveis aos comandos de um Mitsubishi Pajero.
O pior drama da sua carreira deu-se na penúltima etapa da edição de 1987 do Dakar, quando Auriol com uma Cagiva e a comandar a classificação geral saiu sem saber da pista principal, tomando um atalho. Essa decisão resultaria numa lesão dolorosa: Hubert não reparou numa raízes de uma árvore batendo-lhes na íntegra com os pés, ficando com ambos os tornozelos “destruídos”.
Encontrado por um concorrente dos automóveis, heroicamente Hubert Auriol fez os últimos 20 km em cima da sua moto e com os tornozelos partidos, sem ser sequer capaz de trocar uma marcha na sua moto.
Com mais de trinta anos de experiência em incursões africanas, desde 2008 passou a organizar a África Race depois de ser diretor do Dakar de 1995 a 2004. A prova, além de refazer os velhos costumes do Dakar, tem propósitos humanitários, envolvendo governos, indústrias e populações das regiões atravessadas. Hubert transformou-se num grande um organizador, seguindo o exemplo de Sabine e não cedendo à mídia ou à bajulação comercial. Carregou sempre consigo o verdadeiro espírito do Dakar, falecendo hoje aos 68 anos de idade.
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