Dakar: O fim da linha para Xavier de Soultrait
Após participar em 9 edições do Dakar, Xavier de Soultrait decidiu não participar mais no rali como motociclista profissional. O piloto francês faz uma retrospectiva da carreira, lembra Paulo Gonçalves e diz que pretende voltar em 2023, nas quatro rodas ou como gestor de equipa.
O francês de 33 anos soma nove participações, e um 15º lugar este ano (Husqvarna) no Dakar. Depois de deixar a equipa profissional da Yamaha, com quem teve sete participações no rally-raid, o nativo de Moulins assumiu um novo desafio com a Husqvarna em 2021. A mudança foi positiva. O francês esteve entre os 10 primeiros da classificação geral após seis etapas e chegou mesmo a liderar no final do quarto dia o rali. Xavier de Soultrait ficou surpreendido com a sua facilidade e capacidade de resistir a tudo, bem como de não cometer quaisquer erros. O drama chegou na 8ª etapa… Uma queda e uma fratura da vértebra cervical C2 forçaram-no a abandonar pela quarta vez o Dakar.
Xavier de Soultrait confessou ao “L’Equipe” que esse acidente “deixa vestígios, perdi a vontade de fazer mais o Dakar. Tive um segundo filho há três meses e sofri um pouco de pressão familiar. Vivi anos extraordinários, quase dez anos de paixão. Por enquanto, é a aventura da minha vida. Parece um pouco estranho mas estou em paz com essa decisão de deixar as motos, sinto-me confortável comigo mesmo. Claro que isso não me impede de voltar um dia, aos cinquenta, de moto e sem equipa de assistência, por exemplo. Mas como motociclista profissional, o Dakar acabou para mim.”
No ano passado, foi-lhe oferecido o desafio de competir num carro, mas de Soultrait preferiu participar de moto. Terminou o Dakar de 2022 no 15º lugar, e para a história como piloto profissional de moto ficou o seu sétimo lugar em 2019. Mas quais as suas melhores e piores recordações no rali Dakar?
“A melhor lembrança? Ter estado no topo da classificação geral provisória em 2021 como independente (montando uma Husqvarna dentro da equipa HT Rally) contra as fábricas. E a minha primeira vitória de etapa em 2019 (7º da geral com a Yamaha, a sua melhor classificação de sempre no evento). A pior, não encontrar o amigo com quem me diverti no dia anterior no acampamento à noite. Esse foi o caso nos últimos anos com o Eric Palante (desaparecido em 2014) e com o Paulo Gonçalves (em 2020). É difícil viver com isso na cabeça.”
Sobre o futuro, o que fará então Xavier de Soultrait?
“Para ser preciso, estou a traçar um limite na minha carreira profissional como motociclista no Dakar. Este ano, provavelmente ainda farei um rali internacional, uma ou duas bajas e talvez um pouco de enduro para cumprir os compromissos com os meus patrocinadores para a temporada de 2022. Na verdade, tomei a minha decisão pouco antes do início da corrida na Arábia Saudita, mas não quis dizer nada. Na minha cabeça, esperava terminar nos três primeiros e anunciar esta decisão no pódio. Hoje, para chegar a um resultado, é preciso muito empenho, é preciso estar disposto a correr riscos. Mas tenho um formigueiro no estômago, não tenho mais coragem para arriscar demais.”
Questionado pelo “L’Equipe” se ainda pode vir a estar presente no Dakar de 2023, e em que contexto, Xavier de Soultrait respondeu:
“É a minha ambição porque continuo muito apaixonado por esta corrida. Digo a mim mesmo que poderá ser como piloto de um buggy, ou mesmo como co-piloto. Adoro navegação, já fui abordado pelo Sébastien Loeb e a Prodrive no ano passado (para substituir Daniel Elena), mas finalmente foi Fabian Lurquin quem acabou escolhido. Muitas pessoas me imaginam como co-piloto. Ser o gestor de uma equipa também me atrairia. Tenho confiança no futuro”, concluiu.
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