Dakar, Ruben Faria: O Paulo fez parte da equipa, era um de nós, companheiro e amigo
Como enfrentar o rally mais duro do mundo? A visão da vitória da Honda no Dakar contada pela equipa. Começamos por Ruben Faria, diretor geral.
A chegada de novos membros à equipa, como Ruben Faria, que entrou como chefe de equipa em 2020 e a reorganização da equipa com Hélder Rodrigues como estratega de prova, Johnny Campbell como assessor e estratega de pilotos, para além de uma estrutura clara onde cada piloto contava com mecânico e assistente pessoal, trouxe tranquilidade e conforto, numa prova que pode ter as condições mais imprevisíveis, extremas e duras para os veículos, para o corpo e para a mente dos pilotos.
“Começámos a trabalhar na edição 2021 no dia seguinte ao da conquista da edição de 2020 por Ricky Brabec”, explica Ruben Faria.
“Foi uma grande conquista para a Honda e para a equipa Monster Energy Honda, mas no fundo ficamos também muito tristes pela perda de Paulo Gonçalves. O Paulo fez parte da equipa, era um de nós, companheiro e amigo”, confessou Faria em Jeddah antes do início da prova. “Tínhamos apenas um objetivo em mente: vencer em 2021 para podermos ter uma dupla celebração, repetir o sucesso da Honda e do Paulo. Toda a equipa tinha esta mesma visão.”
A preparação da temporada de corrida de 2021 foi muito afetada pela pandemia que fechou o mundo. Diferente dos anos anteriores, as motos foram montadas e preparadas no Japão e depois enviadas para a oficina da equipa em Barcelona, onde os mecânicos trabalharam mais um mês antes de as motos e os veículos de assistência serem enviados do porto de Marselha para Jeddah no dia 3 de Dezembro.
Como medidas de mitigação devido à pandemia, a equipa decidiu adotar um protocolo rígido para ter a melhor probabilidade da prova correr de forma segura e tranquila. “Decidimos reduzir ao mínimo o quadro de funcionários, mas sem sacrificar a eficiência”, explica Faria.
“Por exemplo, tivemos dois engenheiros do Japão em vez de seis ou sete como nas edições anteriores. A tripulação contou com 24 pessoas, incluindo os quatro pilotos: um mecânico dedicado por cada moto mais um mecânico-chefe, dois engenheiros, o técnico de suspensões, um ajudante por cada piloto e também o coordenador da logística, o responsável pelas peças sobressalentes, dois fisioterapeutas, os estrategas de prova e o assessor de imprensa.”
“Para vencer o Dakar é preciso ser um piloto completo, mas também é necessário ter uma equipa completa e todos os nossos elementos desenvolveram ao longo dos anos as capacidades necessárias”, explica Faria, o diretor geral da equipa. Os pilotos sozinhos não conseguem vencer a prova off-road mais longa, cansativa e sem dúvida a mais aclamada em duas rodas; é preciso uma equipa.
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