Mário Patrão, Dakar 2020: “Enquanto estava a tentar encontrar um waypoint, vi o Edwin Staver caído”
Mário Patrão terminou a etapa no 33º posto, depois de ter parado para ajudar um piloto que tinha sofrido uma queda.
A 11ª e penúltima etapa que hoje se disputou no Rally Dakar acabou por ficar marcada por um acontecimento infeliz para o piloto português. Patrão parou ao quilómetro 120 para prestar auxílio ao piloto holandês Edwin Staver, que caiu inanimado alguns metros à sua frente.
“Foram dois dias da etapa maratona. Ontem estive a fazer revisão nas motas. Felizmente estavam todas bem e assim sendo, foi cumprido um dos nossos objetivos: o de que todas as motos da equipa voltassem ao bivouac sem problemas. Foi um dia com muitas dunas. Estava a ir no meu ritmo e ao km 120, enquanto estava a tentar encontrar um waypoint, vi um piloto caído, chamei de imediato a equipa médica e estive a prestar auxílio até à sua chegada. Senti a pulsação no pescoço dele assim que me aproximei, mas de repente deixei de sentir, não consigo verbalizar tudo o que senti: sozinhos no meio do deserto, num cenário absolutamente dantesco. A equipa médica finalmente chegou e realizou com sucesso as manobras de reanimação. Foram os 10 minutos mais longos da minha vida, só saí quando o entubaram e o levaram. Não sei como ele está. Percebi que era muito grave. Ainda tinha pela frente 250 km de especial para fazer, mas estava psicologicamente arrasado com o que tinha acabado de suceder, e o meu corpo não queria avançar. Subi para a moto sem saber como estaria o Edwin. Felizmente consegui terminar e chegar ao bivouac”, relatou Mário Patrão.
O piloto da KTM segue para o último dia de prova na Arábia Saudita no 32º lugar da geral. Amanhã, terá de percorrer um total de 447 quilómetros, 374 dos quais disputados ao cronómetro.
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