O que levar na sacoche?

By on 9 Fevereiro, 2023
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Para quem pratica enduro ou todo-terreno levar uma sacoche com ferramentas é, ou deveria ser, prática corrente, para não dizer obrigatório. Nela levam-se umas quantas ferramentas e outros artigos que podem fazer a diferença entre ficar apeado com uma avaria ou repará-la, terminar o passeio e ter uma história para contar.



Aqui fica uma sugestão do que levar baseada naquilo que eu próprio levo na minha sacoche cada vez que vou para o todo-terreno, dividido em duas secções: ferramentas e diversos.

FERRAMENTAS
Notas em relação às ferramentas:

  1. As medidas variam de moto para moto e de marca para marca. Cada um deverá adaptar esta lista de acordo com a sua moto para que não lhe falte nenhuma ferramenta que se venha a mostrar essencial;
  2. A qualidade das ferramentas que se levam na sacoche deve ser a melhor possível para não nos deixarem ficar mal na pior altura, onde não teremos recurso a uma ferramenta alternativa ou de substituição.

Chaves mistas, regra geral as seguintes:
8, 10, 12, 14
Eu evito as chaves mistas de roquete porque as de boa qualidade são caras e as mais baratas estragam-se com alguma facilidade. No terreno devemos optar por ferramentas o mais resistentes e precisas possível.

Chaves de luneta, que cubram as mistas acima, portanto:
8/9, 10/11, 12/13, 14/15
Nas voltas mais curtas tenho tendência a deixar em casa as chaves de luneta mas se vou para um passeio mais longo (a partir dos 300Km) ou numa aventura a solo, prefiro levar algum peso extra mas ficar com a segurança de ter duas chaves da mesma medida porque às vezes é mesmo preciso.
Em alternativa às chaves de luneta podem-se levar “chaves T” ou um daqueles conjuntos de chaves de caixa pequenos, que têm vantagens e desvantagens. A vantagem principal é que as chaves T ou algo com uma chave de caixa na ponta pode ter acesso a um parafuso mais escondido: por exemplo os parafusos que seguram as tampas do radiador ou laterais de várias marcas estão dentro de uma cavidade. A desvantagem das chaves de caixa é soltarem-se e perderem-se com alguma facilidade e andarem a chocalhar dentro da sacoche.

Alicate universal + alicate de pressão (Vise Grip)

Alicate de pressão e alicate universal

Porquê dois alicates? Porque um não substitui o outro, ou pelo menos eu não me ajeito a usar o alicate de pressão para certas coisas. Na verdade o alicate que uso 99% das vezes é o alicate universal, para apertar, segurar, cortar, etc, mas com o alicate de pressão consigo, por exemplo, desapertar as porcas dos eixos das rodas ou até usar como selector de velocidades de recurso.

Chave de fendas e chave Philips:

Chave de fendas/Philips combinada

Existem chaves de parafusos combinadas, ou seja, um cabo independente e depois uma peça com chave de fendas numa ponta e chave Philips na outra. É o que uso visto que se poupa o espaço e peso equivalentes a uma das chaves de parafusos.

Conjunto de chaves allen (sextavadas interiores):

Ferramenta Y da Motion Pro

Ou um daqueles “alicates” com as várias medidas. Regra geral estes alicates também têm uma chave de fendas e chave philips mas são pequenas demais e pouco jeitosas para os parafusos necessários. Com o tempo apercebi-me que uma chave Philips a sério é uma chave Philips a sério. Atualmente eu uso uma ferramenta em Y da Motion Pro que tem as 3 medidas mais comuns de chaves allen (4, 5, 6) e além disso três chaves de caixa (8, 10, 12), substituindo assim o tal “alicate” e parte das chaves de luneta.

Chave de raios:
Raramente é necessária, mas quando é necessária, faz toda a diferença. Apertar raios com um alicate é um verdadeiro castigo e extremamente moroso, além de danificar as cabeças dos raios e ter um risco elevado de riscar aros anodizados.

Chave de velas e vela (motas 2T):

“Porta velas”, vela e chave de velas

Atualmente não é tão frequente ser necessário trocar uma vela (especialmente nas 2T atuais com autolube) mas nas 2T uma vela isolada continua a ser um risco a ter em conta. Já nas 4T é muito raro pelo que só mesmo numa aventura bem longa (tipo viagem ao deserto) é que me parece necessário levar a vela e chave de velas para uma 4T. Atenção tanto uma coisa como a outra são específicas e variam de moto para moto, verifiquem por isso quais as indicadas para a vossa. Esta chave de velas é na verdade uma chave mista de 21mm à qual foi cortada a “boca”.

Óleo de mistura 2 tempos:

Frascos doseadores

Para quem anda de moto 2 tempos sem autolube é imprescindível levar o respectivo óleo de mistura. Existem atualmente frascos doseadores com uma escala impressa o que é uma grande ajuda na hora de fazer às contas à quantidade de óleo a acrescentar. É mais prudente levar vários frascos mais pequenos em vez de um maior, assim em caso de queda se um se danificar ainda sobram os outros, ao passo que se levarmos apenas uma maior o caso é mais complicado. E para prevenir esses casos ou apenas pequenas fugas, eu levo os frascos dentro de um saco de plástico com fecho ao qual acrescento uma folha de papel absorvente.

Elos de ligação (dois) e um pedaço de corrente:

“Quebra corrente” e pedaço de corrente

Um único elo de ligação pode não ser o suficiente para reparar uma corrente partida. Pode acontecer esta partir de tal forma que seja necessário acrescentar um ou dois elos e ligar com dois elos de ligação. Atenção às dimensões da corrente e elos, garantam que os elos que levam são compatíveis com a corrente instalada. Quando instalo uma corrente nova guardo o excedente na sacoche para estas ocasiões.

“Quebra corrente” ou “descrava”, para fazer o trabalho acima

Parafusos e porcas diversos
Vendem-se vários conjuntos adaptados a cada marca ou podemos ir juntando um conjunto de parafusos que sabemos que podem dar jeito, mas é sempre bom levar uns quantos extra.

DIVERSOS
Manetes e seletor sobresselentes:
Quem usa manetes dobráveis ou “inquebráveis” (nenhumas são realmente inquebráveis) poderá não levar as manetes sobresselentes a não ser nos tais passeios ou aventuras mais longos. Se usam manetes tradicionais então é muito recomendável que levem sempre um par extra na sacoche mesmo para voltas curtas. As mesmas recomendações se aplicam ao seletor: se for um passeio curto, fica em casa, se for um passeio longo, prefiro levar. Já o pedal de travão nunca levo. Obviamente que o travão traseiro faz falta, especialmente em percursos mais enduristas, mas não é essencial como o travão dianteiro.

Barrinha “repara tudo”:
É uma massa bi-composto que quando se mistura endurece. Ótima para tapar buracos nas tampas do motor, radiador, etc. Existe em embalagens de “doses individuais”, o que ajuda a preservar porque quando se abre uma embalagem grande ela acaba por endurecer ao fim de uns tempos. Vende-se nos hipermercados e nas lojas de bricolage. Eu costumo levar 3 ou 4 doses destas numa latinha de Smints.

Cinta para reboque ou para puxar a mota:

Cinta de nylon

Uma daquelas cintas de nylon de segurar bagagem, é muito útil para rebocar uma mota avariada (mas que consegue rodar) e também para a içar, ou baixar, numa trialeira mais complicada, puxar de um atoleiro de lama, etc.

Braçadeiras plásticas (zip ties) + fita cola (duct tape):
Para tudo e mais alguma coisa, literalmente! Eu costumo levar várias braçadeiras plásticas de várias medidas, porque resolvem problemas diferentes. Em relação à tape, uso aquela clássica da Tesa, fácil de rasgar só com as mãos, mas ao mesmo tempo muito resistente. Tenho o cuidado de quando o rolo que estou a usar na oficina está quase gasto e se consegue dobrar e achatar ponho de lado para levar na sacoche, porque ainda sobram uns metros suficientes para resolver alguma situação.

“Tacos” e CO2 ou bomba.
Para quem usa Tubliss.

Documentos da mota, pilhas extra caso esteja a usar GPS, mesmo que tenha cabo de ligação à bateria, uma lanterna LED pequena caso seja um passeio longo que se possa prolongar noite dentro ou mesmo uma etapa noturna e, por último e imprescindível, telemóvel.

Com tudo isto a minha sacoche oscila entre os 2Kg e os 3Kg, mas é sempre melhor levar ferramentas que não precisamos do que precisarmos de ferramentas que não levamos!