Experiências no Lés a Lés Offroad com a Yamaha Ténéré 700
Será que uma moto Adventure é a escolha certa para este passeio de 1.000 kms pelos trilhos de Portugal?
Fomos procurar a resposta, montados numa Yamaha Ténéré 700…
Fotos: Paulo Ministro
Como jornalistas que somos, o nosso objectivo em fazer o Lés a Lés era o de recolher informações úteis para os nossos leitores. 3 representantes do nosso grupo de sites – Motosport / Moto+ / OffRoad Moto, realizaram três experiências completamente diferentes, para poderemos tirar as nossas próprias conclusões e podermos transmiti-las a quem as procura.
A mim calhou-me a Yamaha Ténéré 700 uma moderna moto Adventure, ainda considerada uma novidade no nosso mercado, mas talvez considerada, à partida como uma das Adventure mais adequadas a este passeio de 1.000km pelos caminhos e trilhos de terra do nosso país.
Mas no parque de verificações técnicas em Vila Pouca de Aguiar na 4ª feira à tarde, confesso que fiquei muito desconfiado ao ver tantas motos de enduro e poucas motos Adventure, talvez no máximo 25% do total.
Estamos a falar de um passeio que vai na sua 5ª edição e sabemos que dos cerca de 350 participantes, muitos deles eram já repetentes e como tal escolheram a sua montada baseada em experiências anteriores e na opinião dos amigos mais experientes.
A nossa Ténéré 700 era branquinha e vermelha a minha cor preferida da gama e estava equipada com algumas opções, mas em concreto com o Rally Pack que inclui: assento Rally compostos por uma peça só (mas 44mm mais alto), uma ponteira de escape Akrapovic, uma proteção de depósito, proteção de radiador, piscas em LED, proteção de corrente em alumínio e guia de corrente.
A nossa maior preocupação eram os pneus (Pirelli Scorpion Rally STR, já muito usados) que não davam qualquer espécie de confiança…Este é um bom pneu misto, com excelente comportamento em estrada de asfalto, mas não é de todo um pneu adaptado a uma aventura de 1.000kms em terra. A ver pelas escolhas da maioria dos participantes, a grande maioria estava equipada com pneus de tacos claramente offroad (70/30 ou mesmo 90/10).
A utilização do banco Rally também não facilitou em nada algumas situações muito frequentes de engano de percurso em que é necessário dar a volta no trilho apertado, o que implica usar os pés no chão para ajudar à manobra. Muitas vezes tive que me desmontar e por duas vezes fui ao chão em manobras destas, ou seja totalmente parado.
Este assento Rally é bastante mais cómodo, mas para eliminar este inconveniente de altura ao solo adicional, há que escolher outra opção que permite rebaixar a altura da moto, o que resolve o assunto.
E aqui terminam os pontos menos positivos da Yamaha Ténéré 700! Tudo o resto foi perfeito, e sempre a melhorar ou seja o gozo foi aumentando, à medida que nos fomos sentindo mais à vontade com a máquina e também, é um facto, à medida que fomos ajustando (baixando) as pressões dos pneus…
Consulte o Ensaio completo da Yamaha Ténéré 700 Aqui
Motor EXCELENTE – com disponibilidade permanente de binário, mesmo nas trialeiras mais lentas, em que recorríamos à 2º velocidade, mas no geral a 3ª resolvia tudo. Nas situações de rotação francamente baixa, o binário aguentava, não era necessário jogar com a embraiagem e o motor nunca se calou. Grande ponto a favor, este! Nos estradões mais largos e mesmo em caminhos estreitos mas menos sinuosos, a 5ª e a 6ª estiveram sempre em uso. Concluo ser um motor extremamente elástico, muito adaptado à utilização enduro e em simultâneo sempre pronto para abrir as guelras e debitar potência e rotação em força nos grandes estradões. Muito estimulante e raro de encontrar. Nunca nos queixámos de falta de binário, nem potência a mais quando não a queríamos, nem falta dela quando rodávamos o punho.
Consulte a Ficha Técnica da Ténéré 700 Aqui
A Ténéré 700, apesar de ser uma moto muito actual, tem um conceito muito simples, e como tal toda a sua utilização está facilitada. Não há grandes opções de mapeamentos nem modos para tudo e para nada, como a sua concorrente KTM 790 Adventure, em que precisamos de estudar o manual apenas para saber escolher o modo de utilização em cada situação. Na Ténéré só precisávamos de, antes de arrancar, não esquecer colocá-la no modo Offroad, por forma a desligar o ABS. Esqueci-me muitas vezes de acionar o modo offroad e depois não se consegue fazê-lo em andamento, temos que parar. Mas é mesmo fundamental fazê-lo caso contrario o comportamento em travagem na terra é assustador, a moto não para mesmo.
O quadro da moto é excelente, a posição de condução em pé é exemplar, e as suspensões absorvem muito bem os buracos e lombas, o que dá um conforto excelente e nos permite ganhar confiança a transpor os obstáculos.
Na 1º etapa, na zona do Douro e na Serra do Marão, tivemos que ultrapassar grandes e longas subidas com muita areia e pedra, e a suspensão da Ténéré era um regalo, absorvendo todas as irregularidades, conseguindo transmitir a potência às rodas sempre tudo muito controlado e eficaz.
A entrada e colocação em curvas rápidas também muito segura, depois de acertarmos com a pressão dos pneus, foi-nos dando enorme gozo de condução, á medida que íamos progredindo no terreno e chegando a zonas mais planas, a partir de meio da 2ªetapa que terminava em Coruche. Nessa zona mais plana mas com muita areia, a Ténéré foi francamente um gozo de conduzir, e apanhando-lhe os truques, conhecendo-lhe melhor as reações, sentimos que esta é de facto uma moto muito eficaz no offroad, permitindo ritmos elevados de andamento, sempre com muita confiança. A moto curva bem, absorve bem o terreno, não se descontrola na areia mais funda, trava excelente, o motor responde à saída, enfim uma “curtição”.
Costumamos fazer muitos quilómetros em terra com motos de enduro e não esperávamos um tamanho gozo nesta Adventure, que tem um comportamento espectacular na terra, apesar do seu peso francamente superior. Aliás ficámos convencidos, que este conceito da Ténéré 700, com uma cilindrada relativamente baixa, peso muito satisfatório, é certamente uma das melhores opções para quem gosta mesmo de gozar a sua moto em pisos de terra.
A moda das Adventures está aí, todos os dias vemos muitas BMW GS grandes, com muitas caixas, a circular nas cidades, pilotos muito equipados, tudo muito “adventure”, mas sabemos que continuam a ser poucos a levar as suas motos para os trilhos de terra. E de facto há que saber analisar as opções do mercado, os catálogos das marcas e saber escolher em função da utilização que se pretende dar à sua moto.
Sem problemas de consciência profissional, posso aconselhar a Ténéré 700 como uma excelente opção, mesmo como moto única, de utilização polivalente, na cidade, na estrada e no offroad.
Leia aqui um interessante artigo sobre qual o tipo de moto ideal para quem só pode ter uma. Aqui
Tivemos situações difíceis nestes 1.000 kms, 2 quedas, uma delas em 4ª velocidade já perto dos 80km/h, a moto não sofreu nada para além duns pequenos arranhões, e a maior dificuldade foi voltar a levantá-la, não tanto por ser demasiado pesada, que não é, mas porque ficamos sempre meios abananados após umas cambalhotas na terra…
Na verdade na 2ª etapa foi tal a sensação de gozo, após acertarmos definitivamente com a pressão dos pneus, que fizemos 200 kms de seguida sem parar, ou melhor sem querer parar, tal era o prazer que sentimos.
Como grande conclusão diremos que este Lés a Lés está bem adaptado a motos adventure, talvez não as mais pesadas e de maior cilindrada.
Não escolheria uma moto de enduro para fazer todos estes quilómetros, e explico, dividindo o percurso claramente em 2 partes distintas. A primeira etapa completa e os primeiros 100kms da 2ª etapa eram favoráveis a motos enduro com muita serra, muita inclinação, muitas subidas e descidas muito inclinadas com pedras grandes e regos. Daí para a frente com a chegada das zonas mais planas, claramente as pequenas e médias Adventure são uma melhor opção, sendo muito eficazes, permitindo ritmos mais rápidos e muito mais confortáveis.
De qualquer forma o Lés a Lés é um passeio e não um prova desportiva. Compreendemos que talvez não existam ainda suficientes pessoas que coloquem as suas motos adventure na terra, para preencher as 350 vagas sem aceitar motos de enduro. Mas claramente o espirito deverá ser Adventure e não Enduro, pois se assim for perde-se este espirito de aventura que é crucial neste passeio. Na 1ªetapa estivemos 12 horas em cima da moto! O prazer transforma-se em suplicio. O espirito de aventura e sacrifício tem que estar presente, para se poder tirar o melhor partido desta experiência.
O Lés a Lés faz muita falta é um excelente evento, que exige um enorme esforço da Federação na sua organização. A fantástica equipa que faz acontecer o milagre do Lés a Lés Offroad merece que os participantes respeitem o espirito do evento.
Consulte o Ensaio completo da Yamaha Ténéré 700 Aqui
Consulte a Ficha Técnica da Yamaha ténéré 700 Aqui
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