MXGP, Calvin Vlaanderen: “Queria ter entrado no MXGP a 100%”
Calvin Vlaanderen não teve o início que desejava na classe rainha do motocross ao somar apenas um ponto nas duas rondas do Campeonato do Mundo de Motocross de 2020. No entanto, são vários os fatores que contribuíram para isso, sendo que a maioria deles esteve fora do seu alcance, nomeadamente a lesão que sofreu em dezembro do ano passado.
“Estava a treinar em Grevenbroich e a tentar habituar-me à moto e estávamos a testar um pouco a suspensão. Era a última volta do dia, cheguei a uma curva e caí porque estava muito lamacento e escorregadio. Coloquei a minha perna para fora para impeder que a moto caísse e acabei por torcer o joelho. Foi muito doloroso na altura mas ainda conseguia apoiá-la”, explicou Vlaanderen.
“Fui para casa a pensar se deveria ir ao médico ou não e disseram-me para não me preocupar, apenas para descansar duas semanas e tudo voltaria ao normal. Voei de volta para a África do Sul e aí percebi que estava a ficar cada vez pior. Mal conseguia andar, por isso fiz outro exame assim que voltei. O médico disse que o menisco estava rasgado e que teriam de operar. Acabámos por operar nesse dia, felizmente, e eu pude depois sair de lá para começar a recuperação. O médico disse que seriam umas três ou quatro semanas de recuperação e, passadas as quarto semanas, eu estava de volta à moto e foi muito difícil andar. Ainda tinha muitas dores e inchaço”, disse o piloto, acrescentando ainda que estava em Espanha, na altura, e que, por isso mesmo, tentou treinar o máximo que pôde, o que acabou por não correr como planeado.
“A primeira semana em que tive um treino adequado foi na semana antes do LaCapelle Marival, por isso é que não corri em Hawkstone. Na verdade, ainda não tinha tido um bom dia na moto. Depois de Hawkstone tive uns dois dias, porque fui para França, e pensei que mais valia correr. Eu precisava do tempo de corrida antes de Matterley de qualquer maneira. Foi o que acabei por fazer e achei que estava bem, mas estava muito atrasado relativamente a onde precisava de estar com velocidade e a boa forma física”.
A desilusão neste início de época foi grande para Calvin Vlaanderen que não conseguiu estar à altura das suas próprias expectativas. No entanto, com pouco tempo de treino na sua nova moto e depois de uma lesão no joelho, dificilmente poderia ter feito melhor do que aquilo que conseguiu neste arranque de época.
“Deixou-me um pouco frustrado. Eu queria ter entrado no MXGP a 100% e pronto para estar no topo. Não devia ser um teste, mas pareceu-me um pouco um teste para mim e para a equipa com a moto e a suspensão. Devíamos ter feito isso antes da corrida, mas é assim que as coisas são. Chegámos bastante tarde com algumas coisas e também com o meu joelho. É lamentável que não possamos correr agora, porque está tudo fechado com o coronavírus. Eu esperava que tivéssemos umas boas semanas de testes e treinos antes da próxima ronda, mas vamos ter de esperar até podermos voltar a andar de moto”, disse Vlaanderen que, apesar de tudo, tem perfeita noção de que os resultados não foram apenas da sua responsabilidade.
As dificuldades do piloto estendem-se também à sua equipa. Não é apenas o sul-africano que tem de se habituar a uma nova moto, mas também a Gebben van Venrooy que nunca lidou com a Yamaha.
“Penso que muitas pessoas não percebem como é difícil mudar de uma marca para outra marca. Quando mudei de KTM para Honda, foi uma grande mudança e demorei pelo menos três meses a habituar-me à moto. Agora a mesma coisa: da Honda para a Yamaha. É uma moto completamente nova isto para não falar que subi para MXGP. Não estou habituado à Yamaha, nem mesmo agora. Nas primeiras voltas, ao sair na moto, não me sinto confortável, porque sinto falta da minha Honda nesse sentido porque me habituei a ela depois de vários anos”, avançou o piloto da Gebben van Venrooy.
Apesar de ainda não ter conseguido mostrar o que vale através dos seus resultados na classe rainha, Vlaanderen confessa que esta não deixa de ser a realização de um sonho.
“Quando alinhei pela primeira vez com os restantes pilotos foi incrível porque, durante muitos anos, olhei para eles como heróis. Agora tenho de correr contra eles, e é muito difícil mudar essa mentalidade. Acho que isso virá com o tempo. Acho que assim que me sentir confortável com a moto e com a minha velocidade de volta onde ela precisa de estar, então acho que essa mentalidade acabará por aparecer”, explicou Calvin Vlaanderen, mencionando ainda que, agora que o joelho se encontra a 100%, está ansioso por regressar às pistas.
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Foto: Facebook Calvin Vlaanderen
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