António Maio: “Um Top 20 no Dakar seria uma vitória mas o principal é terminar”

By on 21 Dezembro, 2019

Depois de ter sido obrigado a abandonar na sua estreia no Rally Dakar em 2019 devido a um problema mecânico, António Maio estã preparadíssimo para a sua segunda participação nesta prova. O alentejano partilhou connosco algumas palavras.

Sabemos que em Novembro estiveste a treinar em Marrocos. Além disso, este ano foste 7.º no Merzouga Rally. Como correu toda a preparação que fizeste para o Dakar 2020?

“Este ano concentrei todos os meus esforços no Dakar. Estava nos nossos planos participar no Rally de Merzouga com o intuito de melhorar na parte da navegação e também na condução em areia que é o terreno onde sinto mais dificuldades. Acabámos por fazer um bom resultado e evoluir bastante.
Em Portugal, consegui fazer o campeonato nacional de Rally Raid e também algumas provas do Nacional de TT. Tudo isso ajudou a que me adaptasse muito bem à moto de Rally. É uma moto bastante diferente, bastante mais pesada e, depois do último Dakar, ainda tínhamos algum trabalho pela frente, sobretudo a nível de suspensões.
Fisicamente foi um ano também muito positivo. Acabei a época sem sofrer qualquer lesão e isso é muito importante.
Finalmente, concluí a minha preparação com uma ida a Marrocos. Inicialmente o plano era participar no Rally de Marrocos mas não arranjei ‘budget’ suficiente e acabei por ter de substituir essa participação por um treino de uma semana em Merzouga com o Jordi Arcarons, uma pessoa que tem sido super importante na minha aprendizagem. Foi uma semana muito produtiva e onde consegui evoluir a todos os níveis”.

Este será o teu segundo Dakar e logo na estreia da prova na Arábia Saudita. Quais achas que serão as maiores dificuldades que vais encontrar?

“Estamos todos com muitas expectativas neste Dakar. Vai ser um enorme desafio acrescido a toda a dureza que a prova tradicionalmente já tem. Para mim, vai ser uma prova bastante mais exigente em termos de quilometragem porque vai ser bastante mais longa do que tivemos no Peru. Por aquilo que tenho lido e que me têm dito, haverá bastante mais variedade de terrenos que no Perú. Claro que maioritariamente será areia e deserto mas também vamos apanhar algumas zonas de pedra e pistas duras. Em termos de traçado será, portanto, mais desafiante.
É importante realçar também que as etapas serão bastante longas mais longas que no ano passado, a rondar os 400 a 450 km cada. Além disso, teremos duas etapas maratona nas quais vou ter de gerir muito bem a minha moto, principalmente os pneus. Vão ser etapas realmente  desafiantes em termos de resistência e fiabilidade, tanto do piloto, como da máquina.
Estou bastante confiante. A resistência física e psicológica são trunfos que vou tentar guardar e aplicar. Juntando a isso a fiabilidade da minha Yamaha que acho que o trabalho que fizemos com o Bruno Pires, o meu mecânico, acho que vai estar à altura deste desafio”.

A organização implementou uma série de novidades em termos de regras para esta edição do Dakar. Qual a tua opinião?

“Sim, será de facto uma prova não só diferente pelo sítio mas também pelas novas regras que a organização implementou.
A entrega dos ‘Road Books’ minutos antes do início de algumas etapas parece-me vai ser uma boa solução para minimizar o fosso que existe entre os pilotos amadores e os de fábrica. É óbvio que não é isso que vai fazer toda a diferença mas poderá ajudar para que esse fosso fique um pouco menor.Também os “Road Books” previamente marcados pela organização e de um modo ‘standard’ para todos os pilotos também acho que vai limitar um pouco a marcação e ser ‘mais igual’ para todos.
Sabemos que há pilotos que têm quem lhes ‘marque’ os ‘Road Books’ e assim acabam por ter vantagem face a pilotos amadores que tem de fazer tudo sozinhos”.

Em 2019 foste forçado a abandonar na 8.ª etapa devido a problemas mecânicos. Que objetivos queres alcançar no Dakar 2020?

“No ano passado estava a ser um Rally de sonho. Estávamos com o Top 20 assegurado e quase a entrar no Top 15.Considerando isto, desta vez vou focar-me sobretudo em terminar a prova. É fundamental para mim, porque ninguém se lembra do piloto que andou a rodar em 16.º ou 17.º, todos se recordam é dos que terminam. Este Dakar quero efetivamente terminar e sei que se mantiver o foco e encarar esta prova como encarei o último Dakar, tenho a certeza que só posso ter um bom resultado. Um bom resultado para mim seria um Top 20 mas o principal será terminar e desfrutar de sensação de chegar ao fim. Mas tendo em conta que são mais de 40 pilotos profissionais, para mim um Top 20 seria um grande orgulho e uma grande vitória tendo em conta as minhas condições”.

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