Dakar – Gonçalo Reis: “Dentro de quatro anos quero lutar pela vitória”
Entrevista realizada por Pedro Barreiros (A2Comunicação
Piloto com raízes no enduro, Gonçalo Reis vai participar pela primeira vez no Dakar naquela será a apenas a segunda prova de TT da sua carreira. O objetivo é mostrar-se ao mundo para poder estar na luta pela vitória dentro de quatro anos
Estamos a menos de um mês para o início do Dakar qual é o teu estado de espírito Gonçalo?
O estado de espírito é bom. Ainda nem acredito que vou participar no Dakar. É um sonho de criança que se vai tornar realidade. Foi difícil chegar aqui, mas estou muito contente. Não sinto nenhuma pressão. Sinto-me bem para atacar a corrida dentro das minhas capacidades.
Tens a particularidade de ir ao Dakar e a primeira e única prova de todo-o-terreno que já realizasta foi o Rali de Merzouga e que serviu de qualificação para a presença no Dakar?
Nunca fiz TT em Portugal. Não é uma modalidade onde me enquadre muito. Não é por ser todo-o-terreno. É uma modalidade perigosa. Sempre gostei muito de enduro pelo nunca forcei muito o TT. No entanto estou a falar que sempre tive o sonho de ir ao Dakar. Posso parecer maluco, mas desde os três anos que ando em trialeiras e montes. Sempre aprendi a ler o terreno. Tenho um pouco mais de dificuldades neste capítulo, mas o Dakar tem navegação. Na minha opinião o facto de existir navegação faz com que o Dakar seja menos perigoso do que o todo-o-terreno porque os perigos estão todos marcados. Se formos atentos não nos acontece nada ou contrário do TT onde os perigos estão à espreita. Fiz o Rali de Merzouga porque fui obrigado e correu tudo bem.
O Rali de Merzouga mostrou que estarias preparado para o Dakar. Mas também tens feito as provas do Troféu de Navegação TT, onde tens mostrado que estás muito bem ao nível da navegação.
O R3 é uma parte da minha carreira nos ralis. Se não fosse o Luís Lourenço a colocar de pé esta competição nunca teria ganho o gosto pela navegação pura. Agradeço à Federação o facto de ter-se juntado ao R3 porque para mim foi a melhor motivação para ir ao Dakar. Vi que consegui ser rápido em alguns sectores e navegar bem. Já faço o R3 desde 2015 e foi desde aí que comecei a trabalhar mais no Dakar.
O enduro tem sido uma das modalidades que mais pilotos tem levado ao Dakar. Aliás alguns pilotos como tu tem ido diretamente do enduro para o Dakar porque abrange a técnica, mecânica e a competição. Onde é que te sentes mais forte?
Sinto-me mais forte fora de pista. Aí não temos perigos assinalados. É abrir pista no meio do nada, sendo necessária muita técnica. Nunca pensei ser forte neste capítulo porque em Portugal treinamos pouco fora de pista. Cheguei a Merzouga e pensava que seria aí que teria mais dificuldades, mas acabei por ser mais rápido. O enduro dá aos pilotos muita técnica ao nível da ultrapassagem de obstáculos. Essa é uma mais valia para mim. Quanto aos rali raids em Portugal temos um grande campeonato de bajas, mas acho que deveriam existir mais iniciativas semelhantes ao R3. Este é o futuro da modalidade.
Acabas por um orçamento reduzido integrar a equipa da KTM Portugal/Jetmar com uma estrutura que no fundo possibilita ires com alguma ambição para esta prova.
A KTM Portugal ajuda-me há bastante tempo. São um grande pilar no meu Dakar porque vamos ter acesso ao camião de assistência. O Dakar exige investimentos altos e ter esta oportunidade é de agarrar. Talvez não venha a ter outra oportunidade. Foi feito um grande investimento por parte da KTM pelo que só tive de arranjar um patrocínio.
Sabes que uma boa prestação nesta prova pode vir a condicionar o teu futuro.
Vou arriscar tudo. Trabalhei imenso para chegar ao Dakar. O meu objetivo é conseguir um contrato com uma equipa oficial, estar três anos como piloto ‘mochileiro’ e daqui a quatro anos estar em condições de atacar a vitória no Dakar.
Naturalmente já deves ter olhado para o mapa do Dakar e pensado nas etapas. O que é que olhando para o percurso deste ano causa uma maior atenção. O que gera maior preocupação?
As ligações não me preocupam porque apesar de serem massacrantes não são corrida. O problema para mim poderá ser a altitude porque vivo ao nível do mar e agora vou enfrentar elevadas altitudes. Penso que será um grande obstáculo da corrida porque vamos ter nove dias em altitude. Em termos físicos realizei uma boa preparação e estou preparado para o Dakar.
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