Dakar – Gonçalo Reis: “Dentro de quatro anos quero lutar pela vitória”

By on 16 Dezembro, 2016

Entrevista realizada por Pedro Barreiros (A2Comunicação

Piloto com raízes no enduro, Gonçalo Reis vai participar pela primeira vez no Dakar naquela será a apenas a segunda prova de TT da sua carreira. O objetivo é mostrar-se ao mundo para poder estar na luta pela vitória dentro de quatro anos

Estamos a menos de um mês para o início do Dakar qual é o teu estado de espírito Gonçalo?

O estado de espírito é bom. Ainda nem acredito que vou participar no Dakar. É um sonho de criança que se vai tornar realidade. Foi difícil chegar aqui, mas estou muito contente. Não sinto nenhuma pressão. Sinto-me bem para atacar a corrida dentro das minhas capacidades.

Tens a particularidade de ir ao Dakar e a primeira e única prova de todo-o-terreno que já realizasta foi o Rali de Merzouga e que serviu de qualificação para a presença no Dakar?

Nunca fiz TT em Portugal. Não é uma modalidade onde me enquadre muito. Não é por ser todo-o-terreno. É uma modalidade perigosa. Sempre gostei muito de enduro pelo nunca forcei muito o TT. No entanto estou a falar que sempre tive o sonho de ir ao Dakar. Posso parecer maluco, mas desde os três anos que ando em trialeiras e montes. Sempre aprendi a ler o terreno. Tenho um pouco mais de dificuldades neste capítulo, mas o Dakar tem navegação. Na minha opinião o facto de existir navegação faz com que o Dakar seja menos perigoso do que o todo-o-terreno porque os perigos estão todos marcados. Se formos atentos não nos acontece nada ou contrário do TT onde os perigos estão à espreita. Fiz o Rali de Merzouga porque fui obrigado e correu tudo bem.

Gonçalo Reis

O Rali de Merzouga mostrou que estarias preparado para o Dakar. Mas também tens feito as provas do Troféu de Navegação TT, onde tens mostrado que estás muito bem ao nível da navegação.

O R3 é uma parte da minha carreira nos ralis. Se não fosse o Luís Lourenço a colocar de pé esta competição nunca teria ganho o gosto pela navegação pura. Agradeço à Federação o facto de ter-se juntado ao R3 porque para mim foi a melhor motivação para ir ao Dakar. Vi que consegui ser rápido em alguns sectores e navegar bem. Já faço o R3 desde 2015 e foi desde aí que comecei a trabalhar mais no Dakar.

O enduro tem sido uma das modalidades que mais pilotos tem levado ao Dakar.  Aliás alguns pilotos como tu tem ido diretamente do enduro para o Dakar porque  abrange a técnica, mecânica e a competição. Onde é que te sentes mais forte?

Sinto-me mais forte fora de pista. Aí não temos perigos assinalados. É abrir pista no meio do nada, sendo necessária muita técnica. Nunca pensei ser forte neste capítulo porque em Portugal treinamos pouco fora de pista. Cheguei a Merzouga e pensava que seria aí que teria mais dificuldades, mas acabei por ser mais rápido. O enduro dá aos pilotos muita técnica ao nível da ultrapassagem de obstáculos. Essa é uma mais valia para mim. Quanto aos rali raids em Portugal temos um grande campeonato de bajas, mas acho que deveriam existir mais iniciativas semelhantes ao R3. Este é o futuro da modalidade.

Goncalo Reis

Acabas por um orçamento reduzido integrar a equipa da KTM Portugal/Jetmar com uma estrutura que no fundo possibilita ires com alguma ambição para esta prova.

A KTM Portugal ajuda-me há bastante tempo. São um grande pilar no meu Dakar porque vamos ter acesso ao camião de assistência. O Dakar exige investimentos altos e ter esta oportunidade é de agarrar. Talvez não venha a ter outra oportunidade. Foi feito um grande investimento por parte da KTM pelo que só tive de arranjar um patrocínio.

Sabes que uma boa prestação nesta prova pode vir a condicionar o teu futuro.

Vou arriscar tudo. Trabalhei imenso para chegar ao Dakar. O meu objetivo é conseguir um contrato com uma equipa oficial, estar três anos como piloto ‘mochileiro’ e daqui a quatro anos estar em condições de atacar a vitória no Dakar.

Naturalmente já deves ter olhado para o mapa do Dakar e pensado nas etapas. O que é que olhando para o percurso deste ano causa uma maior atenção. O que gera maior preocupação?

As ligações não me preocupam porque apesar de serem massacrantes não são corrida. O problema para mim poderá ser a altitude porque vivo ao nível do mar e agora vou enfrentar elevadas altitudes. Penso que será um grande obstáculo da corrida porque vamos ter nove dias em altitude. Em termos físicos realizei uma boa preparação e estou preparado para o Dakar.

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