Philippe Lecomte, organizador do MXON: “Temos de ser otimistas, mas cautelosos”
O Motocross das Nações, o principal evento do calendário mundial, está previsto para 26 e 27 de setembro de 2020, em Ernée. Os organizadores continuam a trabalhar na preparação da prova, embora conscientes das dúvidas que rodeiam o evento, devido à situação atual.
Os trabalhos de renovação do circuito de Ernée estão em andamento e Philippe Lecomte, presidente do clube organizador da prova, faz um balanço geral e realça que continua optimista quanto à realização do evento em na data prevista.
“Estamos prontos para arrancar, mas não em qualquer condição, correndo o risco de ter de anular depois. Temos mantido o contacto com a Federação e ainda não definimos uma solução. O cancelamento poderia ser uma opção, mas em que condições? Recuperando aquilo que já pagámos? Adiar para 2021? Já está definido que será Itália a organizar este evento no próximo ano. Ainda não falámos sobre isso.”
“No geral, estamos otimistas, mas cautelosos. A questão é saber quanto tempo podemos esperar para tomar uma decisão, sabendo que não vamos organizar um Motocross das Nações em 15 dias.“
Quanto à parte financeira, Lecomte afirma: “Esperávamos um orçamento equilibrado com 20.000 entradas pagas, num orçamento de 3 milhões de euros, numa configuração económica ótima. Talvez haja autorização para acolher mais de 5.000 pessoas a partir de 1 de setembro, mas duvido que, de repente, este número suba para 25.000. Haverá, sem dúvida, várias fases que terão de ser respeitadas”, avançou Lecomte, reforçando ainda as questões relacionadas com a presença de público em eventos desta natureza.
“Se precisamos de quatro metros quadrados por espetador, num recinto aberto como o nosso, como é podemos fazer isso acontecer? O problema é diferente se estivermos a falar de uma bancada, com lugares marcados. Como vamos gerir as máscaras para cada pessoa, a questão das bebidas e dos copos, teremos de desinfetar as casas-de-banho após cada utilização? Não nos podemos comprometer com isto como associação. Também temos uma questão semelhante durante a noite, visto que acolhemos 15.000 pessoas no parque de campismo. Como vamos conseguir decidir quem vai poder viajar, quem vai poder voar? Ninguém tem hoje a resposta para isto”, afirma o presidente do Moto Club de Ernée.
Com toda a conjuntura atual, provocada pelo surto de coronavírus, continua a ser difícil estabelecer regras. Um dos problemas são os governos dos diferentes países, até porque os participantes terão de fazer deslocações para poderem participar no evento.
“Estamos à espera da decisão do Governo”, revelou Philippe Lacomte. “É complicado planear com antecedência, e os dias continuam a avançar, com despesas em que incorremos. Os nossos colaboradores, o trabalho de modernização da pista, a comunicação feita desde o lançamento do campeonato do mundo… Já tinha dado frutos, pois no final de janeiro já estávamos com 6.500 bilhetes vendidos. A questão será saber se se deve ou não celebrar contratos com prestadores de serviços, que se encontram nesta situação há vários meses. Estou ciente disso. Não sei quanto tempo poderemos adiar o prazo de decisão, especialmente porque a situação que temos num determinado dia poderá ser totalmente diferente cinco dias mais tarde”.
Lacomte mostra-se, naturalmente, ansioso com toda a situação que terá de ser resolvida em breve.
“A ansiedade foi aumentando gradualmente porque em janeiro, por exemplo, as notícias que passavam pereciam ainda muito, muito distantes. Quando aconteceu o primeiro Grande Prémio da época, em março, em Inglaterra, nos Países Baixos, já todos falavam sobre o assunto. No entanto, ninguém conseguia imaginar no que se iria tornar. Apesar de tudo, as pessoas que estão a trabalhar no evento continuam motivadas. Temos de nos adaptar”, disse Philippe Lacomte.
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Foto: MXGP
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