Dakar 2018: Equilíbrio em tempo de descanso

By on 12 Janeiro, 2018

Pelo segundo ano consecutivo é na capital da Bolívia, La Paz, que a caravana do Dakar goza um merecido dia de descanso, que chega após seis etapas e um início de corrida como há muito já não era lembrado em termos de dificuldade do percurso.

O deserto do Peru colocou em sentido, desde o primeiro quilómetro, toda a caravana do evento organizado pela Amaury Sport Organisation. Que o digam o vencedor do ano passado, Sam Sunderland ou o ‘nosso’ Joaquim Rodrigues, pilotos que foram para casa mais cedo do que aquilo que todos esperavam.

Porém apesar das muitas dificuldades vividas a corrida, na categoria moto, está em aberto no que diz respeito à luta pelo triunfo. Ultrapassado o Peru terá de ser a altitude da Bolívia bem como as pistas rápidas e as dunas da Argentina a decidir a 40ª edição do evento criado por Thierry Sabine.

Após seis etapas é impossível fazer um prognóstico sobre quem irá ser consagrado como vencedor em Córdoba, local onde terminará esta odisseia, ou não estivessem os cinco primeiros separados por 9m39s.

No comando está Kevin Benavides, que é o primeiro piloto argentino a comandar o Dakar na categoria moto. O homem da Honda, que falhou o último Dakar por lesão, subiu ao comando na última etapa antes do dia de descanso e tem 1m57s de vantagem sobre o segundo classificado e anterior líder, Adrien Van Beveren. O piloto da Yamaha já conquistou uma etapa e é o único que, até ao momento, segurou a liderança durante dois dias consecutivos.

Na classificação geral é secundado pelo melhor homem da KTM, Matthias Walkner. O piloto austríaco não tem sido muito falado, mas a verdade é que está só a 3m50s de Benavides e tem nos seus ombros a responsabilidade de prolongar a série de 16 triunfos consecutivos da KTM no Dakar.

Depois de três pilotos de três construtores diferentes nas três primeiras posições surge novo homem da Honda. E que homem, pois trata-se de Joan Barreda Bort. Em nova perseguição pela tão desejada vitória, o piloto espanhol já venceu duas etapas. Contudo está a 9m33s do primeiro lugar. Um erro de navegação no terceiro dia de corrida continua a passar a sua factura apesar das suas hipóteses estarem intactas, muito graças à espectacular exibição na quinta etapa.

O top cinco é completo pelo vencedor de 2016, Toby Price. Ausente da competição durante um ano, o piloto australiano tem vindo a ganhar forma com o decorrer da contenda e é um nome que nunca poderá ser descartado. Price está a 9m39s do primeiro. O também regressado Antoine Méo é sexto, o que permite à KTM ter três pilotos nas seis primeiras posições. Falta no entanto chegar ao ‘fruto mais apetecido’, leia-se a liderança, que nos últimos anos não tem sido nada proibido para os lados de Mattighofen.

A realizar também um Dakar muito consistente, Xavier de Soultrait é o sétimo, sendo seguido por outro grande candidato à vitória: Pablo Quintanilla. O bicampeão do mundo de cross country e ralis está a 16m42s da liderança, distância que justifica-se pelos problemas que teve na sua Husqvarna durante a quinta tirada.

A fechar o top 10 temos dois pilotos que fazem da regularidade e da ‘paciência’ em competição as grandes armas. Falamos dos ‘privados’ Gerard Farrés Guell – terceiro em 2017 – e de Stefan Svitko, segundo em 2016. Numa grande maratona, como é o Dakar, não será surpresa se estes dois pilotos, caso não tenham problemas, venham com o decorrer das etapas a subir ainda mais na classificação geral.

Na sombra

Depois temos nomes como Ricky Brabec, José Ignacio Cornejo (substituto do lesionado Paulo Gonçalves) e os surpreendentes Johnny Aubert e Daniel Nosiglia que estão à espreita de poder entrar no privilegiado top 10. Não esquecer também o único piloto da Sherco em prova, Joan Pedrero Garcia, que sabe bem o que é preciso fazer para brilhar no Dakar.

Espaço ainda para falar de Laia Sanz, que apesar de estar discreta (17ª), continua a ser a melhor piloto do género feminino em prova. Destaque também para a batalha pela sempre importante distinção de melhor estreante. Luciano Benavides, irmão mais novo de Kevin, lidera esta classificação ao ser 16º da geral num evento onde está como piloto oficial da KTM, um luxo que não é para todos ainda mais sendo estreante.

O piloto argentino quererá certamente seguir as pisadas do mano mais velho, que em 2016 como ilustre desconhecido para o grande público foi o melhor ‘rookie’, então aos comandos de uma Honda. Difícil será igualar a classificação de Kevin Benavides, que nesse Dakar foi quarto.

Em busca de Luciano Benavides estão Oriol Mena (20º), piloto que vem do enduro e lidera a Hero MotoSports com o abandono de Joaquim Rodrigues, Jonathan Barragán (21º), outro piloto que chega do enduro, e ainda Andrew Short (22º), piloto oficial da Husqvarna que tem carreira feita no supercross e motocross norte-americano. Os quatro melhores estreantes estão separados por menos de 19 minutos.

Classificação geral:

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